Infância interrompida meu brinquedo era o trabalho

Projeto baú cultural conta a história de Maria Bernadete de Ilha de Itaparica

A minha história talvez seja de muitas mulheres ou alguma semelhança em determinados momentos da vida, hoje tenho 28 anos mas, pra chegar até aqui não foi fácil passei fone,desemprego,falta de moradia pois, morava de aluguel e quando a coisa apertava por falta de pagamentos tínhamos que desocupar o imóvel ,eu chorava a cada mudança ,pois teria que deixar para traz as amizades ali construída para uma criança na época com 7 anos era muita coisa já para meus pais era mais uma casa que teria que deixar afinal não era nossa.

Boa parta de minha infância foi ajudando meus pais como vendedora ambulante faltava muito a escola era muito cansativo estudar e trabalhar, as vezes eu ia mariscar com minha mãe na ilha de Itaparica eu morava lá com meus pais todos trabalhavam ou como meu pai vendando frutas ou com minha mãe mariscando cata marisco é difícil pois, muitas vezes cortávamos os dedos e a sola dos pés também a casquinha e as pedras que ficam na área da praia machuca bastante.

Apesar de todo sofrimento e das condições de vida éramos unidos sempre obedientes aos meus pais infelizmente eles não sabiam ler e escrever isso dificultava o auxílio as nossas tarefas de casa tinham dias que eu não ia por conta do cansaço, mas, meu pai dava logo um grito se arrume se quiser ser gente tem que estudar.

Eu ia né eu queria ser gente queria ter a oportunidade de uma vida melhor e quem sabe ajudar os meus pais.

O tempo foi passando aprendi a driblar a fome a falta de oportunidade e o racismo tem gente que diz que nosso país não tem racistas só que é preto e já passou por isso pode dizer, não vou contar como foi que descobrir isso de uma forma cruel porque cabe em outra história agora quero falar como superei tudo isso e me tornei a mulher que sou hoje o nome disso foi a EDUCAÇÃO ela me acolheu, me abraçou, enxugou minhas lagrimas mesmo quando eu quis desistir achando que a UNIIVERSIDADE não era meu espaço lá encontrei também o racismo, mas a minha cede de vitória era tão grande que eu não poderia fracassar afinal outros dependia da minha vitória.

Comecei a fazer um estágio remunerado que já ajudou no alimento de casa, depois que terminei a graduação fui a procura de emprego eu queria continuar estudando, mas a sensação que teria que mudar de residência novamente não saia da minha cabeça, por fim conseguir um emprego em escola da rede Particular de ensino com isso mudamos para uma casa melhor, voltei a estudar fazendo uma especialização eu queria mais, pois percebi que estava no caminho certo e os gritos do meu pai dizendo quer ser gente tem que estuda ele estava certo as palavras poderia ser duras mas, foi a forma que ele encontrou de nos dizer que a vida que ele levava ele não teve opção ele queria que fossemos diferente.

Hoje com muita luta e muito choro estou terminando o meu doutorado na área de educação, hoje não moramos, mas de aluguel temos um imóvel financiado em um condomínio fechado com excelente estrutura e conforto fruto do abraço que a educação me proporcionou meus irmãos estão trilhando o mesmo caminho um está terminando o curso de Educação física na UFBA o outro está na caminhada cursando Engenharia de Produção quanto aos nossos pais é só orgulho em ver que seus filhos encontro o que faltava a eles os estudos.

Como foi bom os gritos de meu pai ele sem saber foi o nosso primeiro professor mesmo sem saber ler e escrever.

Elisete Soares Moreira
Enviado por Elisete Soares Moreira em 21/11/2023
Reeditado em 21/11/2023
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