Minhas Histórias

Minhas Histórias

Escrevendo Minhas Memórias

Comprei um caderno de dez matérias e umas canetas: vermelha, preta e azul. Parecia até que eu tinha voltado para a escola. Me senti com o peito aquecido quando saí da papelaria. Aquecido e amedrontado. Que sensação estranha, parecia que iria cometer um ato de desagravo, transgredir regras, revelar alguns segredos ocultos que jamais poderiam sair do abismo dos meus pensamentos. Sou um transgressor então.

Estou roubando minhas memórias e as espalharei em praça pública para quem quiser saber.

Fazia tanto tempo, mas tanto tempo que eu não escrevia nada que minha mão mal conseguia comportar a caneta entre os dedos. Minhas mãos parecem dois cascos de cavalo. Achei até que eu fosse canhoto na escrita, tentei a mão esquerda, não consegui segurar a caneta apontada para o papel sem pressioná-la com os cinco dedos. Sou destro.

Treinei um pouco nas páginas de trás. Tomei empenho e iniciei palavra por palavra. Tenho feito esse trabalho todo dia, um pouquinho à noite, depois que tomo meu banho e faço minha janta. Achei meio pretensioso comprar um caderno tão grosso para escrever uma história tão curta e simples, mas, por fim, vou gastar o caderno todo, não porque estou escrevendo muito, e sim porque estou me tornando um especialista em produção de bolinhas de papel. O caderno está afinando.

Minha letra é muito feia, comecei escrevendo deitado demais, as letras se sobrepondo, mas acho que estou pegando o jeito. Comecei a fazer letras de forma e acho que assim é mais fácil de entender. No começo, nem eu conseguia entender o que escrevia. Das três canetas que comprei, uma já parou de escrever. Era esperado que alguma coisa desse errado. Comigo, as coisas começam a dar errado já no começo, estou acostumado.

Estou reclamando, mas estou gostando. Fazendo esse relato, estou me sentindo mais leve, confiante até. É bom fazer alguma coisa que não seja só a brutalidade da ferramenta pesada, para além de sol, suor e salário. Por que não fiz isso antes?

Este pequeno conto foi publicado no meu primeiro livro de contos, “Contos Leves de Açúcar”. São contos que parecem leves, polvilhados de açúcar, mas que talvez possam ser indigestos ou causar insônia caso sejam consumidos à noite.

Dados do Autor

Luiz Reis, Seropédica-RJ

Nascido em 1984, Casado e pai em tempo integral de três pessoas lindas. Criado em Seropédica, interiorzinho da Baixada Fluminense, escrevo sobre a vida do Homem simples, do trabalhador do campo, do operário. Gosto de uma boa fofoca, de um causo bem contado. Cursei Ciências Sociais na UFRRJ e sou é o autor do livro O diário de um homem só, da coletânea de Contos Leves de Açúcar e do livro Depois do Tombo.

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Luiz RRosa
Enviado por Luiz RRosa em 20/11/2023
Código do texto: T7936016
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