Manhãs de domingo
Eu ainda guardo na memória nossas manhãs de domingo, onde o sol derramava-se timidamente pelas cortinas entreabertas, colorindo suavemente o quarto com tons dourados. Lembro-me dos nossos despertares tranquilos, dos olhares cúmplices trocados ainda sonolentos, das mãos que buscavam o calor uma da outra antes mesmo de abrir os olhos.
Lembro-me do aroma tentador do café fresco que ela preparava, dos grãos moídos que invadiam o ambiente, dançando com a brisa suave que entrava pela janela. Aquelas manhãs eram sinfonias de aromas e sensações, um convite ao despertar delicado e aos afetos que nos envolviam.
Os beijos apaixonados, ritmados pelo despertar dos sentidos, eram como notas suaves de uma melodia antiga que ecoava em nossos corações. Cada toque, cada carícia, revelava a doçura da nossa ligação, envolvendo-nos em um universo só nosso.
E os abraços apertados, aqueles que eram como refúgios, nos envolviam em paz e calor, dissipando qualquer insegurança que a semana pudesse trazer. Éramos dois corações em sintonia, buscando nos braços um do outro a segurança que o mundo muitas vezes nos negava.
Lembro-me dos banhos em conjunto, uma dança íntima de cuidado e ternura, onde as gotas d'água eram testemunhas silenciosas do amor que compartilhávamos. Era um momento em que nossos corpos se encontravam para além das palavras, comunicando-se em silêncio, em gestos sutis e suaves.
E aquela caminhada até o quiosque na praia, mãos entrelaçadas, sorrisos cúmplices iluminando o caminho. O som das ondas era uma trilha sonora constante, e a brisa do mar acariciava nossos rostos, como se soubesse dos segredos que só nós dois partilhávamos.
Cada instante dessas manhãs de domingo era um pequeno conto de amor, um capítulo do livro da nossa história. Agora, guardados na gaveta das lembranças, são fragmentos de um tempo que se tornou um quadro pintado na tela da saudade, mas que ainda vive em cada suspiro nostálgico do meu ser.