Gaslighting

Manipula a Ação

Ação manipulada

Meus sonhos em tuas mãos

Tuas mãos,

Minha cilada...

A culpa esmaga o meu peito

Aos prantos

Grita em coro

Não sei o que é o certo

Tem que ser do seu jeito

É mais seguro assim

Inaudível, intragável, insípida

Do jeito que aprendi

Afogo-me no líquido que apaga memórias

Na busca de um afago

Que me faça esquecer que eu sigo esquecida por mim e por todos os outros.

Mas a minha criança puxa minha mão

Com os olhos molhados

Aonde você vai?

Fica aqui comigo agora

Ei, me diz, por que eles não gostam de mim?

O que eu fiz de errado?

Prometo que vou agir como o esperado

Eu posso tentar de novo se você quiser

Eu te amo, me espera

Você não está me ouvindo!

Essa sou eu

A criança que te escreve cartas

E que te acaricia até você dormir

Essa criança ainda está aí

Criando desenhos de heróis onde você tem a maior capa e o poder mais forte

Olha pra mim e me diz

Quando foi que eu te esqueci?

No abandono do próprio eu...

Eu que tanto cuidei dos outros

Não olhei pra mim

Mas eu fui mesmo assim...

Entrei em um carro no meio da noite

Música alta imersa na fumaça turva dos cigarros queimados na estrada

O portão foi fechado antes que a criança pudesse sair

Com força prendeu o dedo do pé

Pequeno dedão sangrento

Pingava vermelho no cimento naquela noite azul

E eram duas dores

A do abandono e a do pé

Adivinha qual doeu mais

A criança esperneava, esticava o braço, tentava resistir

Mas alguém a segurou por trás

Impedindo que saísse

Apresentando a solidão...

E, por um triz, não éramos mais o antes

Agora, nos tornamos o depois

O engraçado é que...

Não me lembro do que aconteceu depois.

Isis do Vale
Enviado por Isis do Vale em 09/11/2023
Código do texto: T7928440
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