Gaslighting
Manipula a Ação
Ação manipulada
Meus sonhos em tuas mãos
Tuas mãos,
Minha cilada...
A culpa esmaga o meu peito
Aos prantos
Grita em coro
Não sei o que é o certo
Tem que ser do seu jeito
É mais seguro assim
Inaudível, intragável, insípida
Do jeito que aprendi
Afogo-me no líquido que apaga memórias
Na busca de um afago
Que me faça esquecer que eu sigo esquecida por mim e por todos os outros.
Mas a minha criança puxa minha mão
Com os olhos molhados
Aonde você vai?
Fica aqui comigo agora
Ei, me diz, por que eles não gostam de mim?
O que eu fiz de errado?
Prometo que vou agir como o esperado
Eu posso tentar de novo se você quiser
Eu te amo, me espera
Você não está me ouvindo!
Essa sou eu
A criança que te escreve cartas
E que te acaricia até você dormir
Essa criança ainda está aí
Criando desenhos de heróis onde você tem a maior capa e o poder mais forte
Olha pra mim e me diz
Quando foi que eu te esqueci?
No abandono do próprio eu...
Eu que tanto cuidei dos outros
Não olhei pra mim
Mas eu fui mesmo assim...
Entrei em um carro no meio da noite
Música alta imersa na fumaça turva dos cigarros queimados na estrada
O portão foi fechado antes que a criança pudesse sair
Com força prendeu o dedo do pé
Pequeno dedão sangrento
Pingava vermelho no cimento naquela noite azul
E eram duas dores
A do abandono e a do pé
Adivinha qual doeu mais
A criança esperneava, esticava o braço, tentava resistir
Mas alguém a segurou por trás
Impedindo que saísse
Apresentando a solidão...
E, por um triz, não éramos mais o antes
Agora, nos tornamos o depois
O engraçado é que...
Não me lembro do que aconteceu depois.