Verusca

Há exatos vinte e nove anos atrás eu tinha meus espetaculares seis aninhos de idade. Uma criança cheia de vida, de sonhos e dotada de um senso de sinceridade beirando a arrogância. Chatinha, porém acessível. Gostava de pessoas, na época. E esse meu afeto desprendido a qualquer um que se dispusesse a ouvir minhas peripécias e piadinhas adultas que vez ou outra eu ouvia escapar da roda de conversas dos mais velhos, já tinha minha devoção carimbada. E dentre tantas personalidades maluquetes que conviviam no círculo familiar e religioso do qual minha grande família fazia parte, uma em particular era minha pessoa favorita: a irmã Verusca.

Irmã Verusca era uma mulher negra, alta, bem alta mesmo – apesar de que o senso de proporção quando se é criança é desvinculado da realidade física, ainda hoje tenho a sensação de que sua presença imponente, altiva e preenchida de tanta vida, tinha que ter pelo menos uns dois metros de fisicalidade corporal para dar conta de tanta energia – aquela mulher era um universo inteiro

Papillon Sans Vent
Enviado por Papillon Sans Vent em 08/10/2023
Reeditado em 15/10/2023
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