Mãezinha querida

 

  As comemorações como as de hoje tem um sentido de alerta para os filhos com que a gente perceba com surpresa que durante toda a existência tivemos a companhia da mãe e que se acostumamos a encara-la naturalmente.

  Mas, hoje percebo que a senhora é o meu maior tesouro, portanto, prostro-me de joelhos numa prece de imensa gratidão!

  Mãezinha querida, aceite esta pequena homenagem da parte de quem a senhora acompanhou por muitos anos afora, com o único interesse de dar um pouco de tudo que possuía, transmitindo o saber, a alegria, os bens materiais e os sentimentos. E, mesmo não havendo jamais agradecimento ou reconhecimento porque os filhos sempre aceitam pedindo mais.

  Você, modesta mãe, tem que receber nesta data ao menos alguma coisa, para guardar também no coração, porque nos outros dias você não é dona de nada embora de sempre tanto... Você que com sua fraqueza feminina contribui para (a existência) do mundo! Portanto, mãezinha, qualquer presente que eu lhe desse, um vestido ou um par de chinelos não teriam o significado das contas deste terço que lhe ofereço, porque o terço fará com que leve você mãezinha a mim quando tocá-lo e também a Deus do qual nos afastamos tanto.

  Eu não quero que você me agradeça não, porque um terço em suas mãos de santa é um pedaço de seu coração que sobe, alto, bem alto, elevando-nos também. É o símbolo da sua fé, seja bons ou maus os momentos da vida, amparando-nos como o nosso guia de todas as horas.

  Tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida.

  Eu te peço perdão por não estar presente neste teu dia, embora, o meu amor por ti mãezinha é tão grande e intenso que nem mesmo toda a terra e o universo juntos completaria o meu amor por você.

 

Obrigado mãezinha!

 

Do filho agradecido.

 

Milton.

 

Carta escrita por meu irmão à nossa mãe para o dia das mães em 1991. Ele faleceu dois anos depois com apenas 23 anos. Cópia literal.