Menina
Recordo-me daquela menina que saltava a corda e brincava ao pião, sem saber que um dia lhe apunhalavam o coração.
Recordo-me daquela menina que trazia na alma a doce infância de um joelho rasgado, sem saber que um dia recordaria o passado.
Recordo-me daquela menina em que todas as brincadeiras eram felizes, sem saber o que lhe reservaria o amor. Os dias em que o sol brilhava na rua e as árvores de fruto tinham o seu verdadeiro sabor.
Recordo-me daquela menina que um dia virou mulher, mãe e leoa, sem saber que o caminho lhe reservava batalhas que a descreviam, como sendo lutadora.
Recordo-me daquela menina que viveu amizades puras, entre abraços sinceros sem maldade, amizades de unha e carne.
Numa rotina descalça sem medo do asfalto, risadas escancaradas com bonecas pelo chão, onde ainda não lhe doía o não.
Recordo-me daquela menina que corria, saltava e brincava, feito maria rapaz, mas vivia em paz. Sentia-se viva e cheia de vida! Onde tudo era um tanto faz.
Recordo-me daquela menina que no olhar sentia a verdadeira liberdade, o sorriso era o alimento do amanhecer de um final de tarde.
Hoje mulher realizou sonhos, caiu, levantou e segue livre em todos os sonhos que a invadem... num tempo onde só as vivências do tempo não voltam atrás. Onde tudo era um tanto faz.
Hoje estou aqui... A trocar palavras com aquela menina que não esqueci.