Turquia - relato de viagem
Conhecemos Istambul! Constantinopla! Bizâncio! Que espetáculo o passeio, adequadamente denominado Joias de Constantinopla! Visitamos a imensa Mesquita Azul, com seus seis minaretes, admiramos a decoração superdetalhada feita com inúmeros azulejos. Esta foi a primeira mesquita que tivemos a experiência de visitar por dentro, tiramos os sapatos e eu cobrindo os cabelos com um lenço. Vimos o nicho para oração, o púlpito para o sermão, os grandes lustres, os imensos tapetes, tudo superdecorado, muito lindo.
Visitamos então o Palácio Topkapi, dos sultões otomanos. Que maravilha! Vários jardins lindos, coloridos, com variedade de plantas, e caminhos desenhados na sombra, para deleite das cortes dos sultões, e agora para os turistas. Vimos a Sala do imenso Trono, as salas de assembleias dos políticos, a escola de governo onde treinavam uma gurizada órfã para servir a "pátria", os relógios presenteados ao sultão, as cerâmicas turcas, chinesas, japonesas, europeias, a armeria do palácio... Uau! As espadas e arcos turcos, com seu corte delgado e sofisticadamente decorados com pedrarias e arabescos. Também vimos as ditas relíquias, como uma pegada do Profeta Maomé, o cajado com que Moisés teria aberto o Mar Morto, cabelos de São João Batista e algumas espadas de profetas e guerreiros do Islã. Todas as salas e espaços do palácio lindos, inclusive a vista privilegiada do Bósforo, pela sua localização estratégica junto ao estreito. Fantástico!
Mais linda ainda é Hagya Sophia. Uau! Tive um momento de deslumbramento ao vê-la por dentro! Supersuperdecorada, em tons de dourado brilhante e dourado antigo, e marrom das madeiras e branco, cinza, creme e amarelo dos mármores, muitos mármores, especialmente do Mar de Mármara (Mármara=Mármore). Os arabescos e a caligrafia árabe são um encantamento extra. A história desta construção sempre considerei fascinante, primeiro pela sua dedicação, pelos romanos de Justiniano, à "sabedoria divina", depois pela preservação do prédio (transformado então em mesquita) pelos conquistadores otomanos muçulmanos, dada a sua beleza e imponência; e então a sua instituição como museu nos tempos modernos, aberto à visitação por turistas como nós, que nos maravilhamos com a sua beleza.
Tivemos a experiência de visitar o Gran Bazaar de Istambul! Uau! Muito oooouro, joias, tecidos, artesanatos, muitos itens bonitos, enfeites para decoração e tudo mais. Muita gente comprando, muita gente vendendo, ou tentando vender, insistentemente oferecendo produtos e negociando preços, o que faz parte da cultura comercial desta terra.
Visitamos ainda as Cisternas de Justiniano (ou era outro o Imperador?), aquelas que aparecem no filme Inferno, da história louca do Dan Brown. Que inusitado! A área da cisterna, subterrânea, está inundada até um meio metro, e as suas colunas têm uns cinco metros de altura por meio metro de diâmetro. Os visitantes podem percorrê-las por caminhos armados de metal e vidro, e se encantar com a visão desse pedaço do passado ressignificado pelas exposições artísticas (há uma cabeça de Medusa por lá!), além de se refrescar do calorão do verão turco.
Visitamos então a maior mesquita da Turquia, a de Suleiman, o Magnífico. Magnífica ela também! A sensação de amplitude se destaca na decoração mais clara, com branco no fundo dos arabescos e da caligrafia. Um detalhe das mesquitas em geral são os gigantescos lustres pendente do altíssimo teto até a uns dois metros do tapete, o que torna a mesquita iluminada e aconchegante. Muito linda!
Nesta cidade multicultural, visitamos a Catedral Ortodoxa de São Jorge, uma bela igreja com decoração ao mesmo tempo austera (repleta de madeiras escuras nas paredes e bancos) e brilhante (cheia de dourados nas molduras e telas dos ícones). Assistimos parte de uma missa, presenciando a devoção dos cristãos ortodoxos.
Visitamos o grande Bazar de Especiarias, um "gran bazaar" de temperos, chás, cafés, frutas locais secas, compotas, doces e inúmeros itens de souvenir típicos, como pratinhos e copos para chá (o Çay turco), para café turco, os chapeuzinhos turcos, os chinelinhos (pantufinhas) decorados turcos, as roupas dos dervixes e das dançarinas orientais, além de sedas e pashminas lindas! Compramos ali algumas lembrancinhas bonitas para nossas mães.
Fizemos o incrível passeio de barco pelo Bósforo! UAU! Este é um lugar, uma cidade, que eu queria conhecer desde que a vi no primeiro Atlas lá na infância. Como era possível uma cidade em dois continentes? Um mar entre dois estreitos que o separam de dois outros mares? Que lugar fascinante! E vimos toda essa dinâmica, em meio ao intenso movimento de navios comerciais gigantes cheios de contêineres e pequenos navios de passeio cheios de turistas. Navegamos pelo dito Chifre de Ouro, canal de mar que abraça a parte antiga e histórica da cidade (chamada Constantinopla até hoje), e pelo Bósforo propriamente dito, o grande canal de mar. Passamos da margem europeia para a margem asiática do canal, atravessamos a grandiosa (e engenhosamente incrível) ponte pênsil, vimos o famoso hotel de luxo, a Torre Gálata, a ilha de Leandro, um tanto do Mar de Mármara, "caminho" para o Mar Negro, de um lado, e um tantinho do Mar Egeu, que faz parte do Mediterrâneo, do outro lado. Que passeio legal! Curtimos muito!
Viajamos até a capital Ancara, a terra das cabras e gatos Angorá (Ancara=Angorá). Visitamos o gigantesco Muasoléu de Atatürk, o "pai dos turcos", fundador da república no século vinte. Atatürk segue venerado em todo o país, e vemos por toda a Turquia, além da bandeira nacional onipresente, também cartazes, bandeiras, alto-relevos, estátuas, chaveirinhos e até quebra-cabeças com a imagem de Atatürk. Impressionante tanto o mausoléu (grandioso, rodeado de um imenso parque arborizado e ajardinado, todo feito de travertino turco), quanto a disciplina dos seus magros e altos sentinelas (vimos a troca da guarda), quanto o respeito à memória de Atatürk.
Visitamos uma sofisticada loja de joias, especialmente elaboradas com as pedras turquesa (típica do país) e sultanita (antigamente utilizada somente pela sultana), que muda de cor conforme a luz. Também visitamos uma fábrica dos belíssimos (e caríssimos) tapetes turcos, e vimos parte do processo artesanal de confecção pelas senhoras da comunidade. Caminhamos por um calçadão (em Istambul) de lojas e shoppings, "para ver um local não turístico" da Turquia. Visitamos ainda uma loja de roupas de couro ovino (pelica), e vimos um desfile de peças uma mais linda (e leve) que a outra! E tivemos oportunidade de visitar um "outlet" de "genuínas roupas fake", com ótimos preços. Outro local de comércio que visitamos foi o Mercado da Seda em Bursa. A parte comercial da excursão foi realmente caprichada! :-)
Viajamos para a região da Capadócia. Visitamos as inacreditáveis cavernas escavadas na rocha porosa, formada por lava vulcânica, que serviram de moradia, monastério, igrejas, lojas e tudo mais para as pessoas refugiadas, tendo gente morando de fato ali até os anos 1960! Visitamos uma casa, com todas as "facilidades", inclusive portas de pedra redonda para proteção contra ataques de invasores piratas. Ela fazia parte de uma cidade subterrânea descoberta há cerca de trinta anos pelos arqueólogos. Visitamos em Goreme uma caverna que nos surpreendeu muito, pelos afrescos desenhados sobre cal na parede da rocha, cujas tintas aplicadas 800 anos atrás permanecem em cores vivas até hoje! O relevo da região encanta por sua absoluta irregularidade! Percorremos uma vasta área em jipe, no passeio chamado "safári". Vimos as Chaminés de fadas, os topos de rochas desgastados pelo vento e pela água em proporções inusitadas, formando essa paisagem única e inesquecível.
Fizemos um passeio de balão sobre os Castelos de Algodão em Pamukkale! Uau! Que linda paisagem! A formação calcária resultante da passagem das águas termais cheias de sais de cálcio deixa uma camada da rocha branquinha como algodão, e se formam piscinas naturais de deliciosas águas quentes em terraços de rocha. Ótimo para ficar um tempão com os pezinhos mergulhados na água!
Também vimos as ruínas de Hierápolis, uma antiga cidade grega e depois romana. Ficaram preservados o auditório, o teatro, algumas ruas e os banhos. E banhos demos nos nossos pés nas águas termais repletas de sais calcários ali no Castelo de Algodão. Visitamos a católica Casa de Santa Maria, uma casinha simples de pedra com dois cômodos, onde a mãe de Jesus teria vivido seus últimos tempos, com a proteção do apóstolo João, até a Ascensão. O local já foi abençoado por três papas, e hoje é destino de peregrinação em 15 de agosto a cada ano. Tem espaço próprio para missas, fontes de água benta, uma parede repleta de pedidos e agradecimentos, e, claro, lojinhas de souvenires. Ficamos encantados com a cidade greco-romana de Éfeso, a mais bem preservada que existe. Percorremos a Rua de Colunas, toda pavimentada com grandes blocos de mármore, vimos a Porta de Hércules, decorada com a Medusa, para inspirar respeito aos súditos do imperador Adriano. Interagimos no espaço de assembleia do Senado e apreciamos a escolha de terreno para a construção das suas arquibancadas. Ficamos maravilhados com a Biblioteca de Celsius, que ainda conserva as estátuas das quatro virtudes, as colunas, os relevos e outros itens que decoram seu magnífico pórtico. E até mesmo ouvimos uma canção de um grupo de turistas no gigantesco anfiteatro, com capacidade para 25 mil pessoas! Fantástico! Passeamos na cidade de Bursa, que foi a primeira capital do império otomano, onde visitamos uma mesquita tão linda, que acho que foi a mais bonita que tantas que vimos na Turquia. Sua decoração é super caprichada, colorida e carregada de azul (mais que a própria Mesquita Azul!). A caligrafia, os arabescos, os azulejos precisamente encaixados para formar a moldura do nicho de oração, o púlpito e a escada para o sermão, os detalhes do imenso tapete, a aparente leveza da arquitetura e decoração interna, tudo nos encantou. Demos um pulinho na Grécia! Digo, um mergulhinho! Fizemos um belo passeio à ilha grega de Chios, distante sete quilômetros da costa da Turquia. Fizemos os procedimentos de imigração da Comunidade Europeia, tomamos um catamarã e chegamos à ilha. Visitamos uma cidadezinha, Mestá, cheia de ruazinhas labirínticas do tempo medieval bizantino, muito tri! Experimentamos a cerveja artesanal deles e visitamos uma belíssima igreja ortodoxa grega, decorada com muitos lustres, muito dourado nos ícones e em suas molduras, e madeiras claras, o que a deixou super iluminada, muito linda mesmo! Também visitamos, na cidadezinha de Pyrgi, a Casa de Cristóvão Colombo, onde ele teria morado antes de partir para a grande descoberta. Admiramos as fachadas das casas dessa cidade, ornamentadas com motivos geométricos em branco (de cal) e preto (de pedra vulcânica). Dessa pedra, curtimos a paradisíaca praia de Mavra Volia. Ela fica protegida em uma baía e é toda formada daquelas pedras pretas (ou cinza escuro) usadas para massagens. A água era fria e o solo sob o mar desafiava os pés, mas logo nos acostumamos e ficamos um tempão curtindo esse paraíso! Almoçamos algumas das maravilhas da cozinha grega: a famosa salada grega e o nosso amado saganaki. Que saudades! Curtimos muito todo este passeio! Apreciamos várias cores, texturas, sabores, aromas, sons, temperaturas e outras sensações. Ouvimos o muezim chamar os muçulmanos para as orações cinco vezes por dia (até servia como despertador!). Ouvimos a algaravia dos vendedores nos bazaares oferecendo seus produtos e os clientes tentando negociar os melhores preços, nesta que é uma tradição da veia comercial destas terras. Curtimos a experiência de voar em balão. Enchemos os olhos com o intenso colorido dos bazaares e de seus produtos, das luminárias, das pedras preciosas das joias, dos lenços das muçulmanas, das pashminas dos mercados, das variadíssimas frutas e legumes, dos pratos típicos. Nos encantamos com o colorido preservado dos afrescos de 800 anos do monastério de Goreme. Sentimos os inconfundíveis aromas das especiarias, do chá turco (o famoso Çay), do café turco, das frutas e condimentos da culinária turca (e até das próprias pessoas turcas!). Sentimos a textura das sedas, pashminas, lãs, couros e pelicas das inúmeras lojas turcas. Sentimos o friozinho da madrugada nos passeios que iniciavam cedinho, sentimos o calor turco do verão, também o calorão de 35 graus no dia mais quente do passeio, o calorzinho bom das águas termais do Castelo de Algodão de Pamukkale e até o calor da proximidade do fogo no passeio de balão. Experimentamos o agradável Çay, o fortíssimo café turco, a gordurosa carne ovina turca, o delicioso kebap (churrasco turco), até mesmo na forma de "xis" (o kebap sanduíche), o inusitado yogurt (mais para coalhada!), os variados pratos com os onipresentes legumes beringela-tomate-pimentão-abobrinha-grão-de-bico, as multicoloridas frutas secas e em passas (damascos, figos, tâmaras, pistaches, maçãs) e os doces bolinhos de semolina com mel (isso sem falar na comida grega, para não atiçar a perene rivalidade greco-turca!). Curtimos muito este maravilhoso passeio! :-)