Peru - Relato de Viagem
Fizemos um belíssimo passeio pelas maravilhas do Peru. Curtimos doze dias entre Lima, Cusco, Macchu Picchu, Puno, Arequipa, Nasca, Islas Ballestas. Cada lugar desses nos ofereceu encantos que não imaginávamos.
Muito impressionantes para nós foram as Linhas de Nasca. Colibri, Mono, Perro, Condor, Ballena, Triângulos, Trapézios, Espiral, Astronauta, Aranha, Lagarto, Árvore, Mãos... A grandiosidade das imagens desenhadas na terra, sua simetria e expressividade, e especialmente o mistério envolvido nelas. Seriam canais de irrigação naquela terra árida (que assim conservou os desenhos)? Seriam comunicações com o céu, com criaturas ou divindades de cima? Seria a tecnologia dos Nasca ainda mais desenvolvida que a atual?
Tecnologia foi algo que nos surpreendeu. A Engenharia Civil Inca é um primor! As estruturas que se mantêm até hoje mostram. Construções anti-sísmicas, aproveitamento de terrenos inclinados organizando terraços, muralhas anti-erosão do solo, design de fortaleza militar em forma de zigzag (Saqsayhuaman). Além disso, o uso de pedras gigantescas, os encaixes perfeitos, alternando saliências e reentrâncias, sem necessidade de uso de cimento, são muito impressionantes!
As inúmeras ruínas incas que visitamos, Ollantaytambo, Macchu Picchu, Tambomachay, Qoricancha, Raqchi, Saqsayhuaman, todas nos encantaram. O projeto de construção, seja das vilas-cidades, seja das fortalezas ou templos de peregrinação, mostram uma incrível engenhosidade no cuidado com o desenvolvimento perfeito de estruturas da maior importância funcional para a população. Os incas nunca passaram fome nem sede, e a terra Pachamama, os alimentos e as fontes de água eram venerados. Em Tambomachay vimos uma fonte de impossível vazão constante durante séculos. Em Ollantaytambo vimos silos e armazéns construídos no alto da montanha, em posição estratégica para aproveitar os ventos gelados de um glaciar de uma montanha próxima. Em Macchu Picchu vimos os alinhadíssimos templos do Sol, Lua, estrelas e tudo que a avançada Astronomia Inca ofereceu para o estudo dos ritmos da natureza, indicando solstícios, equinócios e outros eventos, e comandando os tempos certos de plantar e colher.
As cidades grandes que visitamos, Lima, Cusco, Arequipa, mostraram esplêndida arquitetura. As igrejas e catedrais da época da colonização espanhola impressionam por sua exorbitante quantidade de ouro, ainda que seja apenas uma fração do que existia na época em que o resgate do último inca foi estabelecido em "uma sala cheia de ouro"! Vimos grande quantidade de igrejas e a devoção dos peruanos ao catolicismo, com toda a sua morbidez, incluindo catacumbas e esculturas sacras representando sofrimentos explícitos. Um pouquinho de sofrimento tivemos com a altitude de Cusco, 3400m, mas o té-de-coca logo eliminou a dor-de-cabeça. Pudemos então explorar a cidade imperial Cusco, capital do Império Inca, que impressiona em cada rua. As igrejas coloniais, o calçamento das ruas mantidos como na época colonial, construções com estruturas de fundação inca e andares superiores coloniais, uso de pedra vulcânica local na Cidade Branca, Plazas de Armas agradáveis e ajardinadas, tudo isso vimos nessas grandes cidades peruanas.
As diferentes culturas do Peru surpreendem quem só sabia que havia incas e espanhóis. Existiram os Nasca, os Paracas, os Wari, os Moche... E existem até hoje os Uros-Aimara, que nos encantaram em suas Islas Flotantes no majestoso lago Titikaka (o mais alto navegável do mundo). Muito simpáticos, demonstraram para os turistas o seu modo de vida, seu idioma, seus costumes, e o uso dos inusitados juncos totora para a construção tanto das ilhas como das habitações, dos "móveis" e dos barcos "Mercedes-Uros". :-)
A natureza no Peru é um espetáculo! A costa seca do Pacífico, as montanhas nevadas, e os vales férteis encantaram nossos olhos a cada quilômetro dos diversos caminhos que percorremos. Muitas montanhas, lindíssimas, imponentes, os Apos, venerados pelas diferentes culturas andinas. Vulcões ainda ativos, pois o Peru está sobre a placa tectônica de Nasca. Geleiras que se estendem do alto da montanha até, às vezes, a beira da rodovia, permitindo muita diversão a nós turistas. E os vales! Cabe muito bem alguns serem chamados de sagrados. A vida brota ali e prospera a agricultura baseada em pesquisa e tecnologia, com diversas variedades, impressionantes, de milho e batata. O Vale do Colca é outro espetáculo. Chegamos até ele na hora do pôr-do-Sol, um momento absolutamente encantador de se admirar sua paisagem.
Também encheu nossos olhos a imensa quantidade e variedade de aves das Islas Ballestas. Ficamos impressionados com a multidão de cormorões, atobás, pelicanos, e até garças, leões-marinhos e... pinguins. Sim, pinguins. Eles estão em toda parte! Aqui são os Pinguins-de-Humboldt, curtindo as águas geladas da corrente marítima de Humboldt.
Aprendemos na prática a diferenciar a variedade de camelídeos sul-americanos: lhama, guanaco, alpaca e vicunha. Todos parentes do camelo e do dromedário africanos. Os de lá vivendo no deserto de planície, e os de cá no clima seco de altitude. Lhamas e alpacas super lanudas, uma fofura de maciez o toque no seu pelo! Parecem cobertores ambulantes.
Os cóndores, senhores dos Andes, fizeram o mais belo espetáculo. Apenas saíram de seus ninhos durante meia horinha para forragear, e seus voos suaves e majestosos nos encantaram a ponto de quase nos hipnotizar. Ficamos acompanhando suas aparições, seu voo, sua planagem, seu pouso, suas formas, suas cores, sua plumagem, sempre impressionados. Magníficos!