marquez de pombal
Língua portuguesa
Cordel sobre o homem que declarou o Português como idioma oficial do Brasil
Pombal, o Marquês que mandava e desmandava
--- Walter Medeiros
A história da humanidade
Tem muito para se ver
E agora eu vou dizer
Com gosto e com verdade
Para você entender
Os pru mode e os pru quê
De uma vida de vaidade
No campo e na Cidade
Essa história tem lugar
Pra gente se situar
Tem até a majestade
Pois pode acreditar
Tem coisa de arrepiar
Por falta de caridade.
Os fatos que vou narrar
Têm muito tempo passado
Não fique impressionado
Pode até se admirar
Passaram-se num reinado
De um país abastado
De cultura milenar.
Eu falo de Portugal
Lá no século dezoito
Onde um homem bem afoito
Que era Marquês de Pombal
Não gostava de biscoito
Nem jogava de apoito
O seu dinheiro real
Ele era amigo do Rei
Que se chamava José
Maltratava até a fé
E também fazia lei
Você sabe como é
Ele só queria um pé
Para confrontar um frei
Com aquela amizade
Virou primeiro-ministro
E num trabalho sinistro
Mandava em toda a cidade
Ali já tava bem visto
Que ele mesmo sem ser Cristo
Mandava mais que um abade
No tempo em que ele viveu
Era grande o despotismo
Um tempo de terrorismo
Sobre o povo se abateu
Foram anos de sadismo
Parecia um grande abismo
Uma escuridão de breu
O marquês era sabido
Tudo em volta dominava
Até na escolta mandava
Pra cidadão ou bandido
Sua fama se espalhava
E ele se credenciava
Um déspota esclarecido.
Mas não era só no reino
Que o Pombal influía
Ele também mandaria
Sem precisar nem de treino
Nas colônias portuguesas
De olho em suas riquezas
E nas especiarias.
Ele mandou no Brasil
Sua palavra era forte
No sul e até no norte
Seu mando repercutiu
Ele era mesmo de morte
Mudando até a sorte
De quem chegou, pois partiu.
Os jesuítas, coitados,
Que aos índios ensinavam
Seus idiomas usavam
E foram escorraçados
Onde eles trabalhavam
Ordens de Pombal chegavam
E as portas se cerravam.
Muitas escolas fechadas
Fizeram um tempo infeliz
Não tinha mais aprendiz
O marquês não aceitava
Foi do jeito que ele quiz
Aula nem mais na matriz
O despotismo arrasava.
Neste tempo os brasileiros
Sofreram um grande atraso
E não foi pequeno o prazo
Pois passaram-se janeiros
O marquês fez pouco caso
Como quem esquece um vaso
Que vale pouco dinheiro
Mas foi aquele marquês
Quem fez algo interessante
Mesmo sendo arrogante
Implantou o português
Como idioma constante
Pra o Brasil ser bem falante
Não contou nem até três.
Por outro lado Pombal
Só pensavam em ganhar
E tratou de organizar
Algo pro seu ideal
Passou a negociar
Para bem mais enricar
Às custas de Portugal.
Mas os revezes da vida
Pegam também quem é ruim
E com ele foi assim
Acabou sua guarida
Quando dom José morreu
A rainha que sucedeu
Era forte e destemida
Dona Maria Primeira
Ouviu a acusação
E tomou satisfação
Acabou a brincadeira
Mesmo pedindo perdão
Recebeu condenação
Pro resto da vida inteira.
Ele perdeu seu poder
O patrimônio confiscado
Deixou de ser açoitado
Foi desterrado a valer
Pra bem longe foi mandado
E nunca mais o reinado
Ele conseguiu rever
Na distância, abandonado
Com um castigo muito mal
Foi o marquês de Pombal
Sofrer um tempo exilado
Ficou ali e morreu
Sem poder nem apogeu,
Deu-se assim o seu final.
Foi assim mesmo a história
Daquele rico marquês
Eu agradeço a vocês
Que hoje me dão a glória
De ter aqui minha vez
Prá ler um cordel por mês
Sobre derrota ou vitória.
FIM