A SINTAXE DOS CLÍTICOS:O SÉCULO XVI, O SÉCULO XX E A CONSTITUIÇÃO DA NORMA PADRÃO
INTRODUÇÃO
O Livro Português Quinhentista foi organizado em dezesseis capítulos, retratando a caminhada dos estudos e avanços que a história da Língua Portuguesa percorreu nesses quinhentos anos de efetivação. Na sua apresentação os autores buscaram descrever como a história da Língua Portuguesa de um século para o outro foi sendo estudado e investigado no seu aspecto linguístico.(Séc. XVI-XVIII). Nesse sentido, os autores Rosa Virginia et.al 1996, trouxeram a relevância dos estudos a respeito da grafia, do léxico, do sistema vocálico, os aspectos morfológicos, destacando um olhar especifico para tratar da morfossintaxe e a sintaxe quinhentista, que segundo os estudiosos, o campo é vasto para outros pesquisadores aprofundarem sobre a temática como fora analisado em uma segunda releitura pelas pesquisadoras.
A partir da Carta de Pero Vaz de Caminha (Matos et.al 1996), iniciam esse aparato linguístico quinhentista. A centralidade dos ensinamentos foram pautados em informações ocorridas através dos documentos estudados, buscando apresentar contribuições para novos conhecimentos linguísticos, sobretudo, no aspecto da morfossintaxe e sintaxe do português quinhentista. Dispondo dessas informações este seminário apropriando-se dos dados elencados no estudo, coube a nós, sintetizar a morfossintaxe a sintaxe dos clíticos: o século XVI, o século XX e a constituição da norma padrão.
O capítulo referenciado no livro teve a seguinte ordenação das temáticas: Perspectiva diacrônica: do presente para o passado, a norma oral culta de colocação dos clíticos no português brasileiro contemporâneo, a norma culta de colocação dos clíticos no português quinhentista, a sintaxe dos clíticos e a norma padrão. Outros elementos pertinentes ao assunto, foi de nossa responsabilidade, como a definição dos clíticos e os exemplos cabíveis. Nesse sentido, situando a respeito da temática, é relevante apresentar alguns conceitos sobre o que são os CLÍTICOS, e que ordem estabelecem em um contexto frasal, e o que corresponde a SINTAXE.
CONCEITOS DOS CLÍTICOS
Clítico.[ Do grego Klitikós,é,on, relativo a flexão.] Adjetivo.Gramática: Diz-se de qualquer monossílabo átono subordinado, por meio de elemento prosódico, ao vocábulo que o precede, ou que o segue, ou no qual se acha inserido; diz-se do pronome átono. ( Novo Dicionário de Aurélio Buarque de Holanda Ferreira,1986).Outro conceito sobre os Clíticos, é apresentado por Larousse 1999, afirmando ser: Substantivo masculino. Vocábulo gramatical desprovido de acento, que se une ao termo vizinho, formando com ele uma só palavra:em lat. “que”,em neque;em gramática “tis” (certo), em antropos tis( certo homem);em português, temos certas conjunções e o artigo (proclíticos ou enclíticos).Os clíticos são também chamados vocábulos átonos.(Grande Dicionário Larousse Cultural da Língua Portuguesa,1999).
Sintaxe. [Substantivo feminino]. (Do grego syntaxis).Parte da gramática que descreve as regras pelas quais as unidades linguísticas se combinam em frases. Conjunto das regras características de uma determinada língua. Figuras de sintaxe, as que alteram a estrutura normal do enunciado, com finalidade expressiva.(Larousse,1999). Apresentamos alguns exemplos,com a centralidade de uma melhor compreensão sobre os Clíticos.
EXEMPLOS DE CLÍTICOS
Me, Te, Se, Lhes, Os, As, Los, Las. Diz–se ainda do pronome pessoal de uma só silaba como citado no exemplo, e que não possui acentuação própria, dependendo do acento de outra palavra que antecede (Próclise) ou precede um verbo, sendo assim também chamado de Ênclise (pós verbo).
Partindo desses exemplos, buscamos compreender e sintetizar o estudo a partir dos dados apontados entre tantos artigos relacionados no livro Português Quinhentista Estudos Linguísticos. A Nós, coube o estudo sobre a sintaxe dos clíticos a partir do século (XVI-XX) e a constituição da norma Padrão , sobre a descrição da pesquisadora e estudiosa Tânia Lobo (1992). Especialista na história dos clíticos no português do período arcaico em direção ao português brasileiro ,sociolinguista com estudos centrados em análises linguísticas das cartas particulares do recôncavo baiano, particularmente na análise dos clíticos nas cartas escritas no século XIX, por portugueses e brasileiros.
Toda construção de suas análises, se realizaram a partir da Carta de Pero Vaz, e as cartas escritas por D.João III. A sintetização do estudo se completou de forma diacrônica e sincrônica, percorrendo outros encaminhamentos linguístico, transitando de um século (XVI) para outro (XX), na qual buscou apresentar por meio dos elementos pesquisados (CLITICOS), e como o uso se evidenciou na língua portuguesa, assentado no uso e na norma culta, desmistificando coincidências e divergências do português quinhentista, em confronto com o português brasileiro, (Século, XX).Nesse sentido, Tânia Lobo, vem contribuindo com dados linguísticos e sociolinguísticos situados de modo quantitativo, sinalizados através do VARBRUL, nas questões linguísticas da história da língua portuguesa, impulsionando a outros estudiosos a desbravar outras investigações, nesse sentido, com os CLITICOS.
PERSPECTIVA DIACRÔNICA:DO PRESENTE PARA O PASSADO
Conforme a estudiosa Tânia Lobo, a partir do século XVI, o português vernáculo brasileiro sofreu uma mudança na sua qualidade em comparação ao atual. Isso ocorreu, tendo em vista que no século XVI, os clíticos sustentavam uma posição pré e pós- verbal, nos contextos sintáticos. Era visível no vernáculo brasileiro o uso do clítico com antecedência em relação ao verbo em qualquer situação da escrita. Essa ocorrência Sociolinguística permitiu analisar a língua no contexto das diferenças entre a norma vernácula e a norma culta na comunicação oral.
NORMA ORAL CULTA DE COLOCAÇÃO DOS CLÍTICOS NO PORTUGUÊS BRASILEIRO CONTEMPORÂNEO
Nessa análise, observou-se o uso dos clíticos nas orações não dependentes e absolutas principais, com a colocação do verbo no inicio da frase, com variação pré-verbal.
Exemplo: Chama-SE esta mastectomia alargada.
Outra observação foi do uso do verbo precedido pelo sujeito nominal, com variação de colocação pré-verbal.
Exemplo: O povo de Roma levantou-SE contra esta decisão.
Outra análise sobre os usos do clítico, ocorreu com o uso do verbo precedido pelo sujeito pronominal pessoal, com colocação pré- verbal categórica.
Exemplo: Eles SE classificam em: virgens de tratamento, PS, ou possivelmente sensível, crônico I e crônico II.
Com verbo procedido por negação e colocação pré-verbal categórica.
Exemplo: Não ME parece que possa ser já POA.
Com verbo precedido por sujeito adverbial ou substantivo plural adverbial com preferência pela colocação pré-verbal.
Exemplo: Então, dessa maneira, SE faz diagnóstico SSA.
Outra análise dos clíticos ocorreu com as orações coordenadas aditivas com introdução do conectivo E, com variação e colocação pré-verbal.
Exemplo: E daí vocês façam o cruzamento e ME digam o que deu POA.
E também com as adversativas com o conectivo Mas, com preferência de colocação pré-verbal.
Exemplo: Mas filmava-SE em São Paulo, no Rio SP.
Outra análise sobre os clíticos do português contemporâneo, realizou-se com as orações dependentes com tempo na modalidade completivas, relativas e adverbiais com preferência das colocações pré-verbal. Exemplo: Vamos dizer que o progresso SE deve a todos (PE).
Com as sentenças das orações sem tempo, foram analisadas as reduzidas infinitivas, que não são regidas por preposição variável, com preferência pela colocação verbal. Exemplo: Ele pode atuar sobre a comunicação sem modificar LHE O sentido.
O estudo sobre o português brasileiro contemporâneo, ainda analisou as formas do gerúndio regidos por preposição variável com preferência de colocação pós-verbal. Exemplo: Colocam uma interpretação nas suas sentenças, fundamentando-SE em conhecimentos RE.
Nessa parte da pesquisa sobre o uso dos clíticos no português quinhentista contemporâneo, os resultados que foram obtidos apontou que para norma vernácula o uso dos clíticos se formalizaram na lógica pré-verbal, enquanto que na norma culta nos moldes da oralidade, a posição dos clíticos, foi variável na maior parte das ocorrências sintáticas. No entendimento da estudiosa Tânia Lobo, toda conjectura sobre como compreender a posição dos clíticos na norma culta do português brasileiro, ocorreu pela necessidade em considerar não somente a sua variação pós-verbal, e sim, outros encaixamentos linguísticos percorridos de um pólo extremo de frequência nula, ao outro oposto categoricamente. A respeito do uso do clítico no sentido do gerúndio regidos por preposição, constatou-se que a colocação se realizou de modo pós-verbal.
Outra observação ocorreu com o uso do clítico de terceira pessoa, destacando que o uso dessa característica no português brasileiro contemporâneo foi produto da escola, e não como um elemento próprio do vernáculo. (NUNES,1993. CORRÊA,1991). Compreender essa categoria do uso do clítico em terceira pessoa ,é considerar que esse elemento não vernáculo comportou uma descrição não vernácula, com posicionamento pós-verbal em contextos específicos da morfossintaxe. Sobre esse posicionamento, a estudiosa considerou a importância que a ênclise do clítico O (Os) A (As), possibilitou uma reestrutura do padrão silábico Consoante e Vogal, salientado com o uso do morfema R do infinitivo verbal com as variantes Lo (s),La (s), a respeito do clítico acusativo da terceira pessoa. Outra análise, fez referência a sequência do infinitivo com clítico, resultando em um vocábulo fonológico paroxítono.
Essa sentença aconteceu devido a semelhança do uso em que as variantes No(s) Na(s) apresentavam mesmo padrão silábico Consoante e Vogal (CV). Os mesmos não são visíveis na norma culta com a mesma repetição das variantes Lo (s) La (s). Diferente dos vocábulos fonológicos presentes nos contextos das variantes No(s) Na(s), esse clítico de terceira pessoa será um constituinte proparoxítono.
Sobre o uso da variável com a colocação pós-verbal do gerúndio mais o clítico, o mesmo se tornou um vocábulo fonológico proparoxítono. Abstendo-se da relevância acentuada sobre a regra paroxítona citada, em que discorreu sobre a ordem dos infinitivos verbais, considerou que o clítico de terceira pessoa se realiza sempre na ordem pós-verbal.
Com o uso dos clíticos pós-verbal, Matoso Câmara (1979), considerou que no Brasil, essa variante seria possível com a variante da partícula pronominal (Se), indicando uma sentença verbo pronominal com a ausência do sujeito determinado. Exemplo: Chega-SE cedo! Traduzindo que alguém chega cedo. No entendimento do estudioso, outro exemplo seria com o da partícula Se, unida ao verbo ,correspondendo a primazia de um nome ( Substantivo), tornando a função (Paciente ) desse substantivo como uma ação do sujeito ativo. Exemplo: SE chega cedo! Que interpela o seguinte entendimento: que alguém sai e chega cedo, ou vice versa. O sujeito ativo pratica a ação. E o sujeito passivo recebe a ação. Ainda sob o entendimento de Câmara, Saind Ali, também fez referência a essas construções , mas com dedicação atribuída ao termo anteposto e posposto do substantivo, desconsiderando a importância da ordem estabelecida pelo clítico Se.
Sendo assim, no século XVI, concluiu-se que a regra de uso dos clíticos, se tornou um objeto de estudo com comparações e características do português brasileiro oral culto contemporâneo, resultados dos estudos do português quinhentista recolhidos de documentos pertinentes da corte real, como as cartas do rei D. João III, e outros situados na corte real. Ilustraremos com uma das muitas correspondências de D.João III, com o mapa da divisão das Capitanias Hereditárias , bem como um exemplo de uma das MUITAS cartas. As ilustrações não desfocam do tema central do seminário, tendo em vista que a estudiosa Tânia Lobo no aspecto linguístico, fez referência das cartas de D.João III em seus estudos.
A NORMA CULTA DE COLOCAÇAO DOS CLÍTICOS NO PORTUGUÊS QUINHENTISTA
Outra realidade sobre os estudos dos clíticos, vai apontar outros encaminhamentos na vertente do português quinhentista. Desse modo, analisados nas orações não dependentes referenciados nas orações absolutas principais. Nessa etapa do estudo, Tânia Lobo, trouxe comparações da escrita dos documentos estudados, analisando o aspecto gramatical, com inferência das orações não dependentes com a análise das absolutas principais, com as orações coordenadas. Ainda apresentou análises com as orações dependentes com tempo, sem tempo reduzidas do infinitivo. A respeito desse tema, apontaremos outros exemplos distintos dos da autora.
Nessas ocorrências de usos do português quinhentista, o verbo era apresentado na posição inicial com colocação pós-verbal categórica. Exemplo: (Lhe) e (Me).Outra característica analisada, consistiu no uso do verbo precedido pelo sujeito nominal e colocação pré-verbal categórica .Exemplo: Peço LHE que por vos me mãde escrever.
Com uso do verbo precedido por sujeito pronominal pessoal, com colocação pré-verbal categórica. Exemplo: Eu O vi em Coimbra.
Com uso do verbo precedido por negação e com colocação pré-verbal categórica. Exemplo: Nam VOS Respondi por Luis Afonso por nam se deter em quanto eu escrevia.
Com uso de verbo precedido por sujeito adverbial e substantivo plural adverbial variável, com ampla preferência pela colocação pré-verbal. Exemplo: Tambe ME lembra agora aquy outra Razã.
Com verbo precedido por oração subordinada adverbial variável com preferência pela colocação pré-verbal .Exemplo: Quando de qua fostes Vos fallei e emcomemdei que, ante de vyrdes d’esa cidade,asemtes cõ hos mercadores. Também pôde se analisar o uso dos clíticos no português quinhentista nas orações coordenadas aditivas, introduzidas pelo conectivo (E) variável, dando preferência pela colocação pós verbal. Exemplo: Bernardo Peixoto, escudeiro da casa d’elRey, meu senhor, que vos esta dara ,foy meu criado e servio ME tantos anos. Com orações adversativas introduzidas pelo conectivo (MAS) com colocação pós-verbal categórica. Exemplo: Mas pareceo ME que era necessário. Já com o uso dos clíticos na forma culta , foram observados em orações dependentes com tempo no sentido das desenvolvidas completivas, relativas e adverbiais, com colocação pré-verbal categórica.
Já com o uso dos clíticos na forma culta , foram observados em orações dependentes com tempo no sentido das desenvolvidas completivas, relativas e adverbiais, com colocação pré-verbal categórica. No entendimento do estudioso Martins (1994), a colocação pós-verbal não se ausentou dos dados pertencentes ao não português clássico. Essas ações que completaram se pelas formas verbais de dizer nas adverbiais consecutivas, culminou a posposição do clítico com o verbo na história da língua portuguesa.
Retomando as considerações de Tânia Lobo, a mesma afirmou que nessa análise do clítico com tempo, observou-se um quantitativo de 847 ocorrências das orações dependentes, e somente uma vez a colocação pré-verbal do clítico considerado pelo verbo dizer. Outra análise realizada do uso dos clíticos, se realizou a partir das reduzidas de infinitivo sem tempo, sendo verificadas as não regidas por preposição e colocação pós-verbal categórica. Exemplo: Eu tomo a miy boa dyta vyrem ME cartas do governador da Yndia.
Regidas por preposição variável com ampla preferência pela colocação pré-verbal. Exemplo: Eu não vejo outro remedyo senã Vyre ME cavalos da Cydade ao barco de Sacave.
Reduzidas de gerúndio e não regidas por preposição e colocação pós- verbal categórica. Exemplo: Dona Isabel Freire me escreveo, pedindo ME que pedisse por merce a elRei, meu senhor, que a mandase viir.
Sobre essas mudanças, Lobo citando Tobler e Mussafia, analisaram que essas línguas não possuíam o uso do clítico na primeira posição em uma frase, resultando dessas inserções as Leis de Tobler e Mussafia. Após esses estudiosos, têm se outras considerações com Wackernagel, que segundo Lobo, afirmava que nas línguas românicas e nas indoeuropeias, as palavras que não eram acentuadas eram dependentes fonologicamente do primeiro elemento acentuado em uma frase, sendo enclíticas em relação ao primeiro elemento. Ambos foram autores da teoria TOBLER E MUSSAFIA, dedicada a estudar a ordem de colocação dos clíticos nas línguas francesas e italianas. Conforme outros estudiosos das colocações e usos dos Clíticos, consideraram que a Lei da TEORIA DA ATRAÇAO de (Wackernagel) foi a que deu continuidade para as leis teóricas de TOBLER e MUSSAFIA (1875-1886). Acreditamos ser relevante a ilustração desses pesquisadores, para melhor compreender a temática (CLÍTICOS).
Tânia Lobo, op.cit Martins 1994, considerou que essas ocorrências, deram sustentabilidade para Wackernagel desconsiderar tais ações dos pronomes clíticos no inicio das frases, considerando que a sintaxe dos clíticos no século XVI, foi a representação da lei estabelecida por Wackernagel, com a ordem das colocações seguindo o exemplo: V-CL-VERBO,
CLITICO;X-CLITICO,VERBO.
Diante dessa síntese, observou-se que o verbo ocupa primeira posição, e o clítico em posição pós-verbal (enclítico ao verbo), porém, se o verbo vem precedido por outro elemento, o clítico ocupa uma posição pré-verbal (enclítico ao elemento que precede o verbo).
Sobre esse estudo, é pertinente considerar que essas informações sobre acontecimentos a respeito da sintaxe da língua portuguesa no período clássico da história gramatical referente a sintaxe dos clíticos, que o mesmo originou-se através da chamada teoria da atração. Nas línguas românicas, essa teoria da atração manteve-se apenas no português europeu e no galego contemporâneo. No português brasileiro e nas outras línguas românicas, o clítico passou a fixar em posição inicial absoluta. A despeito das mudanças ocorridas no português brasileiro, perduram outras discussões com os estudiosos que priorizam a sintaxe ou a fonologia.
A partir da década de 1990, e através da Sociolinguística Paramétrica, outros estudos sobre os clíticos se fizeram conhecer; com questões indagadoras sobre a natureza sintática que definiu as transformações e ordens frasais no português brasileiro. Em defesa dessas mudanças, Pagotto (1993), apontou que os resultados observados na sintaxe vernácula dos clíticos no português brasileiro, consolidou-se pela falta do movimento clítico e pela falta do movimento do verbo, e isso deu abertura para novos estudos , surgindo assim a teoria Gerativa na concepção dos Princípios e Parâmetros, que resultou em um grupo de mudanças com um inovado assentamento, valorizando a unicidade de um único parâmetro. Essas mudanças ocorreram, por meio da Gramática Gerativa Transformacional de Chomsky. Essa gramática teve como objetivo elaborar um modelo hipotético sobre a competência assim entendida, o qual, ao gerar todas as orações gramaticais, proporcionaria a descrição estrutural de uma língua.
Sobre a mudança PARAMÉTRICA, a mesma é um conjunto de mudanças inter-relacionadas que ocorre entre a mudança e a ordem dos clíticos com supressão do clítico acusativo de terceira pessoa, emergindo um objeto nulo e o preenchimento do pronome tônico na função sintática de objeto direto. Essa análise Paramétrica foi um estudo dos Sintacistas do Gerativismo. Outro ensinamento sobre a mudança paramétrica ficou sob o encargo de Nunes (1993), que reafirmou esse pensamento , mas, vem em defesa de que no século XIX no Brasil, ocorria uma mudança clítica no aspecto fonológico. Sobre essas mudanças, distinguiu três categorias da sintaxe dos clíticos como: português brasileiro; português antigo; português europeu contemporâneo. No português europeu contemporâneo e no antigo , com a ordem dos clíticos fonológicos situados da direita para a esquerda se tornando enclíticos fonológicos. Já no português brasileiro, os clíticos fonológicos passaram da esquerda para a direita sempre proclíticos.
Já no português brasileiro, os clíticos fonológicos passaram da esquerda para a direita sempre proclíticos. Essa mudança fonológica da ordem dos clíticos possibilitou a primeira posição em uma oração, tendo como apoio outro elemento a sua direita, fazendo desaparecer o clítico acusativo de terceira pessoa, pois segundo a sua estruturação silábica, não poderia permanecer em uma posição absoluta no inicio de uma frase. Embora, havendo especulações á respeito dessas ações, Nunes fez referência ao século XIX, com mudanças no português brasileiro; Aryno (1997), contraria essa afirmação acrescentando que as mudanças a respeito dos clíticos fonológicos, transcorreu desde o século XVII, prosseguindo até ao século XVIII. Diante dessas transposições seculares, o estudioso Aryno (1997), enfatizou os seus dados , por meio da análise de alguns textos de Gregório de Matos (Séc. XVII), com exemplos de clíticos de primeira e segunda pessoa presentes nos inícios dos versos. Exemplos: todos estão com saúde ME disse o Crioulo esquivo Um tanto triste de cara, Pouco alegre de focinho. ( Verso com 7 sílabas).
A SINTAXE DOS CLÍTICOS E A NORMA PADRÃO
Sobre o uso dos clíticos na norma padrão, Tânia Lobo, considerou que a colocação pré- verbal , não diz respeito ao padrão vernáculo usado na língua brasileira, e sim que a colocação pós-verbal foi resultado das retomada de perdas diacrônicas por meio da escolarização. Estas ocorrências sociolinguísticas resultaram de uma consequência Sociolinguística, dada a elevação do uso pós-verbal, condicionando uma variante de prestigio. A respeito dessa descrição, fez se alguns questionamentos sobre como os falantes escolarizados do Brasil, reproduziram a padronização da ordem e uso dos clíticos, descritas pelas gramáticas tradicionais e o que se considerou ser as que as escolas utilizam.
Ainda trouxe a relação de uso da norma culta e padrão da língua, segundo a faixa etária. Ressaltamos que os resultados apontados não fez referência as idades dos informantes, utilizando-se de exemplo como faixa etária: I,II e III, de acordo com os dados voltados sobre obediência e desobediência da norma padrão. (LOBO,1992).Sobre os dados considerando OBEDIÊNCIA e DESOBEDIÊNCIA, a autora descartou o resultado da colocação pré-verbal, haja vista, que essa colocação do clítico é regra básica disposta nas gramáticas do português contemporâneo. Outrora, é relevante considerar o contexto da hipercorreção verificada no estudo, sobre o uso dos clíticos pós-verbal, nos contextos que não foram prescritos pelos informantes na categoria pré-verbal com os da faixa etária III, ou seja, esses informantes não utilizaram a colocação pré-verbal.
Pôde se considerar que mediante ao modelo da língua padrão estabelecida no Brasil, ainda há muito o que fazer para que os estudantes brasileiros possam dominar alguns contextos em prescrever o uso do clítico pós-verbal clítico em uma sentença. Para isso, seria necessário analisar como o verbo é iniciado em um período, e quando o uso do verbo se acha precedido pela conjunção coordenativa, com exceção a alternativa e verbo precedido por sujeito nominal. Outro posicionamento de Lobo, foi a considerada pelo gramático Rocha Lima (1976), quando referiu-se ao uso da colocação pós-verbal nas situações de verbo, precedido por sujeito e pronome pessoal, com usos nos imperativos e nas orações reduzidas pelo gerúndio, com exceção das introduzidas pela conjunção Em; e nas orações com redução do infinitivo, com ou sem o uso da flexão não regidas por preposição.
Sobre as reduzidas no infinitivo não flexionado e com ações prepositivas, Lima (1976), admitiu a variação em posição com o uso do clítico, excedendo o uso quando diz respeito ao uso do clítico O(S) A(S) em orações reduzidas pelo infinitivo regidas pela preposição A, indicando o uso da colocação pós-verbal, e também entre pausas entre o verbo e o termo que antecede, e que cause a antecedência do uso do clítico com o verbo. A partir dos dados coletados, no padrão Obediência e Desobediência do uso dos clíticos nas colocações pós-verbais, constatou-se que em nenhuma faixa etária fora visível o uso de acordo com a obediência, superando o uso pela desobediência no uso dos clíticos, além de uma desigualdade entre as faixas etárias dos informantes I,II com a obediência a norma padrão da língua, restando aos da faixa etária III, elevando o índice de desobediência ao padrão, o que em suma demonstrou que tanto para os brasileiros escolarizados, que o uso da colocação pós-verbal dos clíticos em uso de comunicação formal, estão com os dias amenizados.
Considera–se então que o uso prescrito dos clíticos estabelecidos nas gramáticas normativas brasileiras, se achegam ao modelo da ordem dos clíticos presentes no português europeu contemporâneo, com vigência a partir do século XIX, e não como o do século XVI, segundo suposições de filólogos do passado. No entendimento de Tânia Lobo(1992), não se deve fundamentar esse aspecto apenas na norma vernácula, mas também, com a da norma culta brasileira sem abster da norma padrão, buscando soluções para outras reformulações a respeito do uso dos clíticos como salientou a pesquisador
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O livro português quinhentista, foi um estudo organizado por vários estudiosos, destacando a importância da evolução dos estudos linguísticos no período quinhentista ao contemporâneo. O mesmo foi partilhado em dezesseis capítulos, retratando de modo particular a sintaxe e o uso dos clíticos nas sentenças frasais. Através de documentos reais como as cartas de D.João III, entre outros documentos do período imperial, pôde se constatar a evolução dos sintagmas, e o uso de variações nas transformações da língua. Nesse contexto bibliográfico, coube a nós discorrer sobre a sintaxe dos clíticos entre o século XVI até XX, e como se constituiu a norma padrão, na descrição da pesquisadora Tânia Lobo.
Em sua descrição, Lobo fez referência ao uso dos clíticos em uma perspectiva diacrônica entre o presente e o passado, analisando os usos dos padrões da norma culta do uso dos clíticos do português brasileiro contemporâneo, o uso dos clíticos no português quinhentista. Encerrou a pesquisa com um posicionamento sobre como o uso e o ensino dos clíticos se enquadraram na norma padrão dos estudos gramaticais brasileiros, referenciando o século XIX, e não o século XVI, como analisados nos documentos, propondo a partir desse posicionamento, outras reformulações sobre a temática pesquisada (CLÍTICOS.)
REFERÊNCIAS
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FREITAS, Elenides Francisco de .BORDINI, Marcela. O Português Quinhentista estudos Linguísticos. Organizadores: Rosa Virginia Mattos e Silva. Américo Venâncio Lopes Machado Filho. Seminário apresentado na disciplina de Doutorado da Universidade Estadual de Londrina-UEL, na disciplina Português brasileiro, sob a orientação da professora doutora Fabiane Cristina Altino. Londrina: 2021.