TEXTOS MULTIMODAIS: PERSPECTIVAS INOVADORAS PARA A COMPREENSÃO TEXTUAL

Durante muito tempo, o conceito de texto esteve intimamente ligado à linguagem verbal [leia-se, escrita]. Isto é, para que um determinado material linguístico fosse alçado à condição texto, deveria ser construído com base na linguagem escrita. Não estamos dizendo, aqui, que a linguagem não-verbal [leia-se, imagem] não se fazia presente nos materiais textuais. Contudo, o tratamento dado à linguagem não-verbal ainda não contemplava a construção de sentido face o texto imagético.

Em face desse conceito de texto que tinha como foco apenas a palavra, a leitura era alçada à condição de Decodificação de Conteúdos e Informações. De acordo com Barbosa & Souza (2006), o ensino dessa competência linguística primava por práticas mecânicas de reprodução, focando em atividades que priorizavam a localização, a extração e, em especial, a reescrita de pequenos fragmentos/trechos de textos. Ora, o ato de ler pautava-se, única e exclusivamente, no plano verbal exposto na superfície do texto. Excluía-se, assim, a linguagem não-verbal e uma gama de elementos discursivos que compõem o plano visual.

Bentes (2001) e Feres (2002) demonstram o fato de, nos anos de 1980, a Linguística de Texto e/ ou Teorias do Texto, por meio de seus postulados, produzirem um novo conceito de texto enquanto Sentido, ou melhor, enquanto Unidade de Sentido. Na ótica de Xavier (2006), o conceito de texto passa, então, a abarcar todas as práticas comunicativas construídas com base na linguagem escrita, oral e imagética. Esse novo conceito de texto inclui a imagem na construção linguística do texto. Ora, se antes a noção de texto estava, única e exclusivamente, condicionada e determinada pela escrita, agora, tal noção cai por terra.

É, nesse contexto, que se fala em Multimodalidade. No dizer de Dionísio (2005), o conceito de multimodalidade diz respeito às mais distintas formas de construção linguística e de apresentação da informação/ mensagem (DIONISIO, 2005). Essa diversidade de formas se dá, por intermédio da articulação/ junção entre palavras e imagem. Em outras palavras, cores, imagens, o formato/ tamanho das letras, a disposição da grafia e das ilustrações presentes na superfície textual etc.. Todos esses traços e marcas multimodais evidenciam a pretensão comunicativa do texto e, sobretudo, contribuem de forma significativa para a elaboração de significação por parte do leitor.

Emergem, desse modo, os Textos Multimodais, que lançam mão da diversidade de modos de construção, pautando-se, para isso, na articulação entre/ junção entre o âmbito verbal e visual [leia-se, escrita e imagem]. Ou seja, as mais distintas formas de linguagem. São exemplos que ilustram esse tipo de texto: Anúncios, Charges, Histórias em Quadrinhos - HQs, Propagandas, Tirinhas, Pinturas, Imagens, Ilustrações etc.. A Leitura assume, dessa maneira, a Perspectiva de Produção de Sentido face o Texto (KOCH & ELIAS, 2006), sejam tais textos escritos e/ ou imagéticos.

Nesse sentido, a inserção de aspectos e traços multimodais na construção linguística do texto traz à tona novas posturas para a compreensão textual, na medida em que a construção de efeitos de sentido face o texto transcende a palavra, abarcando, assim, a grande diversidade de elementos linguísticos, discursivos e semióticos presentes na superfície textual.

Referências

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