Textuando-me
Quero ser lido?
Sim, obviamente. Caso contrário, não estaria aqui.
Mas não quero apenas ser lido. Quero ter sentido e ser sentido. Melhor: sentidos. Que me sintam e me significam.
Seria vaidade? Seria? Seria, Schopenhauer, vaidade?
Não pode responder agora, mas já respondeu há muito tempo. “Sim” – diria o filósofo – “é vaidade”. E explicaria que vaidade, em oposição ao orgulho, é o desejo de despertar nos outros a convicção de nosso próprio valor.
Schopenhauer talvez falasse de si mesmo para si mesmo, como eu falo agora. Afinal, queria que todos vissem nele o que ele mesmo via: pensava ter resolvido os problemas principais da filosofia e até quis gravar em seu anel uma esfinge jogando-se no abismo.
Esse desvio para Schopenhauer me deixou mais longo que o planejado. Assim talvez não me leia.
É, deve ser vaidade. Não sei. Ou não. Afinal, falo para mim de mim, dessas letras vivas.
Crio-me em mais uma linha para agradecer por me acompanhar até aqui. Obrigado.