Textuando-me

Quero ser lido?

Sim, obviamente. Caso contrário, não estaria aqui.

Mas não quero apenas ser lido. Quero ter sentido e ser sentido. Melhor: sentidos. Que me sintam e me significam.

Seria vaidade? Seria? Seria, Schopenhauer, vaidade?

Não pode responder agora, mas já respondeu há muito tempo. “Sim” – diria o filósofo – “é vaidade”. E explicaria que vaidade, em oposição ao orgulho, é o desejo de despertar nos outros a convicção de nosso próprio valor.

Schopenhauer talvez falasse de si mesmo para si mesmo, como eu falo agora. Afinal, queria que todos vissem nele o que ele mesmo via: pensava ter resolvido os problemas principais da filosofia e até quis gravar em seu anel uma esfinge jogando-se no abismo.

Esse desvio para Schopenhauer me deixou mais longo que o planejado. Assim talvez não me leia.

É, deve ser vaidade. Não sei. Ou não. Afinal, falo para mim de mim, dessas letras vivas.

Crio-me em mais uma linha para agradecer por me acompanhar até aqui. Obrigado.

Osvaldo Júnior
Enviado por Osvaldo Júnior em 07/11/2021
Reeditado em 03/12/2021
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