O DIA DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL PARA TODOS

CASO DANIEL x INTERPRETAÇÃO
Embora a maioria dos brasileiros tenham discordado da forma como ministro Alexandre Morais conduziu a prisão do deputado Daniel Silveira, algo inusitado aconteceu. A Constituição Federal foi aberta e, interpretada, comentada por juristas, advogados, pes-soas comuns, iguais a mim e, finalmente no lugar onde o deputado Daniel, por lei, cabe-ria prestar contas, desenhou-se para todos a voz da LEI.
Lembrei da minha graduação em Letras, onde tínhamos que estudar línguas portuguesa, o latim, língua e literatura inglesa. Velhos tempos.
‘Na minha época” tínhamos que interpretar textos, textos, ler e entender o que se lia.
No caso do deputado Daniel, parecíamos estar num vestibular da FUVEST, num Enem ou outro vestibular ,quem sabe um concurso para juiz. Sei que é difícil, tenho um irmão que já se aposentou nessa profissão, não foi para o STF, claro, mas sente muito orgulho do tempo que atuou como juiz e professor. Profissão honrada.
E não é que todos, mesmo quem numa abrira a Constituição Federal focaram na leitura do Art. 53 e suas entrelinhas? Interpretaram o texto, comentaram em redes sociais, num belo exercício de busca da verdade.
Amei! Eu me senti novamente numa sala de aula Brasil distribuindo 10.
Quem jamais abrira a CF lá estava lendo o tal Art.53 e decorando até.
“ art. 53, da Constituição Federal, verdadeiro Estatuto dos Congressistas, preconiza que: "Os Deputados e Senadores são invioláveis, civil e penalmente, por quaisquer das suas opiniões, palavras e votos", portanto, os pronunciamentos verberados da tribuna da Câmara dos Deputados se caracterizam como atividade "Por de oficiem” ou seja, na nossa linguagem informal – faz parte do ofício. .Alguém já conseguiu essa proeza antes? Nem eu enquanto professora, consegui.
Só que eu não me dei por satisfeita. Revi meus conceitos de intertextualida-de, paráfrase e paródia. E, lá na minha estante, encontrei ele, um livrinho já velhinho – do grande Affonso Romano de Sant'Ana” PARÓDIA, PARÁFRASE & CIA .Passei pelas polarizações das teorias de Tynianov que defendia a estilização, bem próxima da paródia, enquanto Bakhtin afirmou - o estilizador utiliza a palavra do outro” ou ainda “. Esse “outro, no texto teórico russo é sinônimo de “alguém” ou na teoria moderna o outro significa:
“aquela voz social ou individual recalcada e que é preciso desentranhar para que se conheça o outro lado da verdade. Ele intitula a teoria como:
A QUESTÃO DAS VOZES.
É a ideologia que tende a falar sempre do mesmo e do idêntico, a repetir suas afirmações tautologicamente diante de um espelho.
Foge-se ao jogo de espelhos denunciando o próprio jogo e colocando as coisas fora do seu lugar certo.
Nota- Esse artigo não tem a intenção de ofensas a ninguém, em especial ao Sr. Ministro Alexandre de Morais. Minha intenção teve como finalidade demonstrar através de teori-as da oralidade e da escrita o surpreendente interesse dos brasileiros de níveis culturais diferentes buscar o conhecimento numa fonte fidedigna – a Constituição Federal e, principalmente demonstrar ser capaz de interpretar as leis que rege nosso país. Um belo sinal de avanço cultural e democrático.

• Sant`Anna, Afonso Romano – PARÓDIA PARÁFRASE & CIA, editora Ática.