DEFECTIVIDADE VERBAL
Eu emerjo tudo aquilo que me imergiram e aturdo a todos aqueles que faliram, em algum momento, meus pensamentos e sentidos.
E exauro qualquer significado de compreensão dos vernáculos e vocábulos, aos quais aformoseio e coloro com expressões cultas e incultas do meu refinado e/ou parco saber.
Abulo opiniões que não me interessam e demulo conceitos pobres, podres e vazios.
Explodo pessoas, coisas, casas, carros, relacionamentos que não acrescentariam nem alterariam em nada a mera existência dessas mesquinharias humanas, mesmo que influenciem o nada que somos em meio a esse caos incompreensível.
Heraclitamente volto ao rio, cujas águas já não sendo as mesmas, perambulo Seixasmente minhas metamorfoses ambulantes.
Inda que seja pra falir, eu falo. Dane-se.
Defectivamente esculpo minha vida e esparjo todos os resíduos imprestáveis do meu ser no ventilador.
E urjo para mim mesmo: que eu não abula minha forma de agir e pensar. Haja o que hajar, doa a quem doer.
Assim esculpo a minha vida, assim carpo meus próprios pastos verdejantes.
Doravante só acudo a mim mesmo.
O resto, eu sacudo.
E tenho dito.