LÍNGUA PORTUGUESA: VARIANTE REGIONAL: "Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva: 1ª ed. 2001. O Dicionário de Cecílio Elias Netto, 200 páginas com dados históricos e curiosidades sobre o vocabulário local." - 25 de agosto de 2016.
“Sugerindo que nos falares sem prestígio social há regularidades a
explicar, o estruturalismo fez que ganhassem dignidade plena, enquanto
objetos de estudo, muitos aspectos da realidade linguística brasileira
que até então haviam recebido uma importância menor por parte dos
estudiosos da linguagem: aí se incluem as línguas indígenas, as línguas e os dialetos trazidos pelos africanos e pelos europeus e as inúmeras variedades regionais do português” (ILARI, 2005, p. 87).
É interessante pontuar que isso se deu numa fase em que a escola passou a receber um número cada vez maior de alunos que não usavam a variedade prestigiada do português brasileiro. O que a teoria
linguística mostra é que o uso de variedades não padrão não tem nada a ver com limitações intelectuais, mas é, na verdade, uma questão de história social do aluno (ILARI, 2005, p. 89‑90).
apud p. 83)
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Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco e Verva
05/12/2016 às 08:47
Atualizada e ampliada, a sexta edição do Dicionário do Dialeto Caipiracicabano – Arco, Tarco, Verva, de Cecílio Elias Netto, reúne 1.479 verbetes. Quase 30 anos depois da publicação do primeiro dicionário,
O livro presta homenagem a José Ferraz de Almeida Jr., a quem o autor intitula como o primeiro ‘caipira’ da história
https://www.aprovincia.com.br/icen/publicacoes/o-dicionario-do-dialeto-caipiracicabano-arco-tarco-e-verva-18771/
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Registro do sotaque como patrimônio reúne expressões em Piracicaba, SP
Processo de tombamento do jeito 'caipiracicabano' de falar foi iniciado.
Além do 'erre' puxado 'dialeto' tem variações curiosas; confira algumas.
http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2016/05/registro-do-sotaque-como-patrimonio-reune-expressoes-em-piracicaba-sp.html
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Confira exemplos de expressões típicas em Piracicaba e no interior de São Paulo:
16/05/2016 07h36 - Atualizado em 16/05/2016 08h31
Registro do sotaque como patrimônio reúne expressões em Piracicaba, SP
Processo de tombamento do jeito 'caipiracicabano' de falar foi iniciado.
Além do 'erre' puxado 'dialeto' tem variações curiosas; confira algumas.
Do G1 Piracicaba e Região
http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2016/05/registro-do-sotaque-como-patrimonio-reune-expressoes-em-piracicaba-sp.html
Arco = álcool
Tarco = talco
[Verva = tipo de loção de barba, de barbeiro, para usar após a barba.]
Proseia = conversa (= um dedinho de prosa em Minas Gerais)
Lonjura = distância (pertinho ou é logo ali... = Minas Gerais )
Absurdado = espantado
Pagá a língua = ser punido pelo que disse
Queimá paia = conversa fiada, à toa, sem relevância ( = conversa pra boi dormir em Minas Gerais)
Põe reparo = observa
Tisorá = falar mal
Apeá = ir
Negadinha = grupo de pessoas
Bardeá = transportar de um lugar para outro
Cardo com massa = sopa
Cascá o bico = rir muito
Réiva = raiva
Mió du boi = carne bovina de qualidade
Enverga mai num quebra = resiste
Carque duro = realizar uma tarefa com disposição,
vontade; colocar com força
Arruinô = infeccionou (ferimento)
Trupicá = tropeçar
Um tirinho = rápido
Sarto = Salto (do rio)
Fórfe = fósforo
Forfé = confusão
Carcule = pense direito
Reio = chicote
Traia = amontoado de coisas, objetos úteis ou inúteis (perigo em Minas Gerais)
Picá o trecho = fazer o caminho de sempre, ir embora
Picá a mula = fugir em velocidade
http://g1.globo.com/sp/piracicaba-regiao/noticia/2016/05/registro-do-sotaque-como-patrimonio-reune-expressoes-em-piracicaba-sp.html
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I Seminário Internacional de Estudos em Linguística Popular
I Instituto de Análise Caipira do Discurso – homenagem a Amadeu Amaral pelo centenário de publicação do livro O Dialeto Caipira
Imagem de fundo:
Di Cavalcanti. Carnaval, 1968.
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Edição de 1920
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Edição de 2020
Com o advento da web, constatamos em ritmo bastante intenso a proliferação de um conjunto de práticas linguísticas, que desde alhures existiam, designáveis como populares, mas que podem ser entendidas também como espontâneas, leigas, ingênuas. Trata-se de atividades linguísticas com ou sobre a língua, produzidas pelos diferentes atores sociais, que circulam nos mais variados espaços: imprensa, escola, fóruns de discussão na internet, redes sociais, guias de conversação, polêmicas em torno de determinado uso linguístico, cartilhas de usos linguísticos, etc. Todo esse material oferece um profícuo, mas ainda pouco explorado, cenário de investigação para os linguistas no âmbito da linguística popular. Linguística popular é uma tradução literal do que os falantes do inglês chamam de folk linguistics.
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No Brasil, embora não o sejam assim designados, muitos trabalhos realizados alhures e também atuais poderiam ser enquadrados nesse campo do conhecimento, que no contexto anglo-saxônico (sobretudo americano) e germânico (notadamente o alemão) é muito forte. Por exemplo, toda a descrição que Anchieta fez do Tupinambá no século XVII, os glossários elaborados pelos viajantes europeus nos séculos XVIII e XIX, ou mesmo as disputas entre os modernistas (Mario de Andrade) e os parnasianos (Olavo Bilac) sobre a existência/necessidade de uma língua nacional no final do XIX e início do século XX, ou ainda as recentes polêmicas entre gramáticos, linguistas e não-linguistas sobre o livro Por uma vida melhor poderiam ser designados como fazendo parte de uma folk linguistics.
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A rigor folk linguistics designa todo o trabalho sobre linguagem, isto é, os saberes espontaneamente construídos pelos mais diversos atores sociais, que não estão necessariamente fundamentados em uma lógica de uma teoria da linguagem. N. Niedzielski e D. Preston propõem uma síntese e uma imagem do conteúdo da linguística popular norte-americana: “[The word folk] refers to those who are not trained professionals in the area under investigation [...] We definitely do not use folk to refer to rustic, ignorant, uneducated, backward, primitive, minority, isolated, marginalized, or lower status groups or individuals (2000, p. 08)”.
Os autores sublinham que os saberes populares contribuem sobremaneira para a constituição dos saberes científicos: “Whether for the purely scientific purpose of recording it or for the social purposes of helping us better understand our attitudes to one another, we suggest that the study of [...] linguistically-oriented caricature is an important task (2000, p. 123)”. No contexto brasileiro, até o presente momento todas as discussões sobre a língua (ensino, uso, pesquisa) têm colocado linguistas e não linguistas em lugares diametralmente opostos: detentores do saber científico sobre língua de um lado e detentores de saberes leigos sobre a língua de outro. Trata-se de uma verdadeira interincompreensão: cada um traduz o discurso do outro a partir do seu posicionamento discursivo.
Cumpre destacar que a não fundamentação em uma teoria científica de linguagem, não invalida os trabalhos dos linguistas leigos, mesmo os de natureza mais prescritiva, que podem ser incorporados ao trabalho dos linguistas propriamente ditos. Entendemos com Marie-Anne Paveau (2008) que as abordagens científica e popular são anti-eliminativas.
Com efeito, entendemos a linguística popular de maneira escalar e não binária, isto é, não está em contradição com a linguística acadêmica, podendo, portanto, a primeira ser plenamente integrada a um estudo científico da linguagem. Como sabiamente afirma Paveau (2008): “os enunciados populares não são necessariamente crenças falsas a serem eliminadas da ciência. Constituem ao contrário saberes perceptivos, subjetivos e incompletos a serem integrados aos dados científicos da linguística”. A linguística popular contempla quatro dimensões: 1) Epistemologia e história; 2) Representações sobre língua(gem) e gramática; 3) Práticas de pesquisa e pedagógicas de linguística popular e 4) Política de línguas.
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“Gíria não é gíria, é uma outra Língua”
http://mareonline.com.br/comportamento/um-idioma-chamado-giria/
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