SEXTINA
É um poema de FORMA FIXA cuja invenção se atribui
ao provençal Arnaut. Daniel e que consta de seis
ESTROFES de seis VERSOS cada , além de um
REMATE de três ; as RIMAS pretendem fazer-se pela
simples repetição das mesmas palavras no fim dos
VERSOS de todas as ESTROFES , e ,para terminar , nos
HEMISTÍQUIOS do REMATE : também deve
repetir-se no primeiro VERSO de cada ESTROFE a
terminação do último da anterior . Como na " Sextina a
um amigo ", de Diogo Bernardes (ibidem) :
Se pretendeis , senhor , do louro verde
o prêmio alcançar da mão de Fevo ,
no fresco Pindo celebrado monte ,
não deixeis de seguir pelo caminho
que começaste , com louvor das Mudas ,
que tudo vence um valoroso peito .
Em ócio vil um grande e forte peito
passar não deixa a sua idade verde :
querem trabalho e tempo as altas Musas ,
não se descobre sempre a luz de Febo ,
pouco a pouco se mostra o bom caminho
por entre as brenhas do cerrado monte .
Ora no fundo rio , ora no monte ,
mil vezes acontece dar de peito
o que cuida que vai por bom caminho ,
direito chão pisando a relva verde ;
mas logo a quem (na volta) mostra Febo
seguro passo , com favor das Musas .
Não que entendam de vós , as brandas Musas ,
que tudo vos pertence áspero monte
por onde vos obriga a subir Febo :
não entre tal receio em vosso peito ,
que em secos roncos acha-se verde ,
sombras fontes no pior caminho .
Ponde os olhos no fim deste caminho :
vereis no cabo dele estar as Musas ,
junto da clara fonte um prado verde ,
na mais alegre parte do seu monte ,
soltando doces versos do seu peito
ao som da lira do suave Febo .
Segui , senhor , o brando Febo ,
pois sempre vos guiou por bom caminho ,
inspirando de novo em vosso peito
segredos altos que convém às Musas
para vos dar capela no seu monte ,
da sua (que foi Ninfa) planta verde .
Ora seco , ora verde , o seu caminho
nós mostra Febo , sempre firme peito
para das Musas cultivar o monte .