A lingüística pode ser definida como uma ciência que estuda a linguagem, cujo objetivo principal visa a construir uma teoria geral que descreveva todas as línguas. A língua, tal como a fala, é objeto de natureza concreta, visto que, os signos utilizados, não são abstrações, mas uma realidade consensual de uso individual e coletivo, sem os quais a comunicação seria impossível. Os signos, pois, são objetos reais de que se ocupa a Lingüistica e podem ser chamados entidades concretas desta ciência. (Lingüisitca Geral, p.119). 
O estudo da linguagem permite examinar isoladamente duas partes: a Lingüística Interna, considerada sistema, que tem por objeto a língua, o uso social em sua essência, independente do indivíduo, ou seja, limita os falares, privilegiando o uso coletivo em oposição ao individual; e a outra parte, a Lingüística Externa que objetiva estudar os elementos exteriores ao sistema, em outras palavras, a fala e as marcas que o falante imprime na língua. 
Para Saussure, o fenômeno lingüístico apresenta duas faces: a fala, que é a impressão acústica percebida pelo ouvido e a língua. Para ele, é necessário colocar-se primeiramente no terreno da língua e tomá-la como norma de todas as outras manifestações da linguagem, porque, somente a língua é relativamente estável e autônoma, enquanto que a fala é mutável. A Lingüística, segundo Saussure, deve estudar, prioritariamente, a estrutura da língua enquanto sistema, uma vez que a fala, por ser individual, apresenta nuanças idiossincráticas, caracterizadas pela marca do falante, tais como vemos atualmente em “Mão Santa”, Senador do Piauí, que “estica” a pronúncia de ‘ O meeeu Piiiauí ‘ ou em Boris Casoy: ‘ Isso é... uma vergoonha!’ Alinhado a essa esteira de pensamento, Saussure sugere a dicotomia denominada sincronia e diacronia e propõe que a linguagem seja estudada num recorte histórico de seu estado atual (sincronia), seus sons, suas palavras, sua gramática e suas regras. E, a Lingüística diacrônica, que deve cuidar das transformações produzidas na língua, através do tempo. A Lingüística, pois, busca sistematizar os princípios básicos do estudo da língua, mediante a compreensão dos signos, ou estudo da semiologia. 
“O signo lingüístico une não uma coisa e uma palavra, mas um conceito e uma imagem acústica, não apenas o som material, mas a impressão psíquiica desse som” (Lingüística Geral,p.80) [...] “O caráter psíquico de nossas imagens acústicas aparece claramene quando obsrvamos nossa própria linguagem. Sem movermos os lábios nem a língua, podemos falar consco ou recitar mentalmente um poema, porque as palavras da língua são para nós imagens acústicas” (Lingüística Geral, p. 80) 
Considerado o precursor do estruturalismo, Ferdinand Saussure ocupou-se do estudo sincrônico, e, mesmo não tendo usado a terminologia, Estruturalismo, deixou valioso estudo sobre a estrutura da língua a que chamou de sistema. A publicação do trabalho intitulado “Cours de linguistique général” que se deu em 1916, portanto, três anos depois de sua morte, serviu de modelo e inspiração da corrente estruturalista, pós-saussuriana, em abordagens social, cultural e psicológicas, entre outras. (WIKIPÉDIA, 2007). 
“O mérito de Saussure consiste em lançar as bases para a compreensão do conceito de estrutura, palavra-chave para o desenvolvimento do pensamento lingüístico e das ciências sociais, a partir da década de 40...” (RAMAZINI, 1990, p.25). 
Num conceito geral, a linguagem é multiforme e heteróclita, ao mesmo tempo física, fisiológica e psíquica, ela pertence, além disso, ao domínio individual e ao domínio social, e, não se deixa conceituar como limitadamente estanque. Para estudar a língua de forma distinta da fala, Saussure separou o que é social do que é individual, o essencial do que é acessório ou acidental. 
Para Saussure, a língua é um sistema homogêneo, um conjunto de signos exterior aos indivíduos e deve ser estudado separado da fala. Para ele, o estudo da fala seria problemático, por envolver todas as possibilidades imprimidas nela pelos falantes, impossibilitando, assim, sua análise científica 
A lingüística saussuriana, portanto, baseia-se no estudo da estrutura da língua e do uso coletivo, comum a todos os falantes, desprezando o individual, por considerar que a língua é homogênea, estável e dinâmica, enquanto a fala é mutável. Com esse entendimento, ele a separou em langue e parole a fim de estudar a língua como sistema e dedicou-se apenas ao primeiro caso, a langue. Entende que, “... a linguagem implica ao mesmo tempo um sistema estabelecido e uma evolução: a cada instante, ela é uma instituição atual e um produto do passado.” (Lingüística Geral, 1989, p.16). 
Embora não tenha estudado a evolução da língua, Saussure a define como um agente transformador da linguagem e com isso, desperta, no futuro, o estudo também da fala. Nas palavras deste pensador, [...] tudo que é diacrônico na língua, não o é senão pela fala (parole). “É na fala que se acha o germe de todas as modificações: cada uma delas é lançada, a princípio, por um certo número de indivíduos, antes de entrar em uso.” (Lingüística Geral, 1989, p.116). 
Aprofundando-se apenas na Lingüística Sincrônica, o pai da lingüística moderna a divide, ainda, em mais duas partes: a Sincronia Sintagmática e a Sincronia Paradigmática. A primeira delas, a Sintagmática, “centrada no eixo das combinações dos sintagmas, estabelece relações baseadas no caráter linear [...], a outra parte, a relação Paradigmática [...] “capta a natureza das relações que os unem em cada caso e cria com isso tantas séries associativas quantas relações existam” (Lingüística Geral, 1989, p.142). Por outro lado, [...] “enquanto um sintagma suscita a idéia de uma ordem de sucessão e de um número de elementos, os termos de uma família associativa (paradigmática) não se apresentam nem em número definido nem numa ordem determinada...” (Lingüística Geral, 1989, p.116). 
A lingüística saussuriana, portanto, prioriza o estudo dos signos, ou, teoria geral da semiologia, examina sincronicamente, apenas os elementos da linguagem (idioma), mas reconhece que langue e parole são duas faces da linguagem em que uma não subsiste sem a outra. Essa visão semiótica da linguagem permite estudar, separadamente, a língua da fala, de modo que um homem, mesmo privado do uso da fala, pode compreender uma língua. 

Adalberto Antônio de Lima/out.2007 



Referências 

GNU Free Documentation LicenseALTINO, Fabiane Cristina. Estruturalismo e Sociolingüística. Turma 1, Módulo 2, 2º semestre de 2007, aulas 1, 2, 3 e 4, noturno. 15 ago. 2007, 22 ago.2007,29 ago 2007 e 05 set.2007. Disponível em < http://www2.unopar.br/bibdigi/ 
biblioteca_digital.html. Acesso em: 20 ago. 2007 
e 10 set. 2007. 

RAMAZINI, Haroldo. Introdução à Lingüística Moderna. São Paulo ícone, 1990, p.25. 

SAUSSURE, Ferdinand de. Curso de Lingüística Geral, 15 ed. São Paulo: Ctrix, 1989, p. 16, 80, 116, 119 e 142.