A Coesão Interfrásica

Tipos de Junção

A coesão interfrásica é assegurada por processos de sequencialização que exprimem vários tipos de interdependência semântica das frases que ocorrrem na superfície textual.

Consoante o tipo de unidades linguísticas conectadas e o tipo de unidade resultante de tal conexão, pode falar-se de dois grandes processos que asseguram a coesão interfrásica׃ a parataxe e a hipotaxe ou subordinação.

1. Conjunção (ou junção aditiva)

As conexões aproximáveis da conjunção lógica que admitem a conjunção copulativa prototípica e exprimem valores de listagem, de confirmação e de sequência temporal. No primeiro caso, as frases conectadas são apresentadas como elementos de uma lista. No segundo caso, o segundo membro coordenado apresenta uma confirmação ou um reforço do que é apresentado no primeiro. No terceiro caso, toma-se como eixo de articulação entre as frases, a relação entre intervalos de tempo em que se localizam as situações descritas.

2. Disjunção (ou junção alternativa)

As conexões disjuntivas admitem a conjunção prototípica ou e articulam frases exprimindo conteúdos proposicionais alternativos.

3. Contrajunção ( ou junção contrastiva)

Estas conexões admitem a conjunção adversativa prototípica mas e exprimem valores de contraste. Neste tipo de conexão, pode apresentar-se a situação descrita pela outra como inesperada, contrária às expectativas. Podem também pôr-se em posição as situações descritas por cada um dos membros coordenados (contraste antitético).

4. Subordinação

a) Temporais

Relacionam o intervalo de tempo da situação que descrevem com aquele em que se localiza a situação descrita na subordinante. Quando a situação descrita na adverbial é anterior à da subordinante, os conectores subordinativos usados são, tipicamente, assim que, desde que, logo que, mal.

As frases temporais que descrevem uma situação posterior à da subordinante têm como conectores subordinativos mais freqüentes antes que ∕de, até (que), quando.

Quando as frases temporais descrevem situações que se sobrepõem no tempo, total ou parcialmente, às situações descritas na subordinante, os conectores subordinativos mais usados são enquanto, quando.

Por seu turno, os subordinadores cada vez que, sempre que, todas as vezes que, põem em destaque a co-ocorrência habitual de situações descritas pela subordinada adverbial e pela respectiva subordinante.

b) Condicionais

Descrevem uma situação da verificação da qual depende a verdade da situação expressa pela subordinante.

As frases subordinantes podem ser usadas retoricamente, caso em que o locutor as utiliza para dar mais força à asserção que faz (nestes casos a situação descrita pela subordinante é absurda). Os subordinadores mais usados são se, salvo (se), sem (que), a menos que, a não ser que.

c) Concessivas

Descrevem uma situação face à qual a situação descrita pela subordinante é inesperada ou não conforme às expectativas.

d) Contrastivas

Exprimem valores semelhantes ao das justapostas ou coordenados contrastivas antitéticas. Os subordinadores comuns são enquanto e ao passo que.

e) Causais

Exprimem situações apresentadas como causa da situação descrita na subordinante (causa-efeito), como razão da situação descrita na subordinante (razão-consequência), como motivação para a situação descrita na subordinante ou como premissa de que decorre logicamente a situação descrita na subordinante (relação condicional factual).

Os subordinadores comuns são porque, como, visto (que), dado (que), por.

f) Finais

Exprimem o objectivo da situação descrita na subordinante.

Os subordinadores frequentemente usados são para (que) e a fim de (que).

g) Consecutivas

Descrevem uma situação que é apresentada como resultado da situação descrita na subordinante.

Os subordinadores freqüentes são que (correlativo de tão, tanto), de maneira ∕ modo que.

h) Comparativas

Nestas frases, a relação a relação entre subordinante e subordinada é uma relação de (grau de) semelhança entre situações descritas, exprimindo em geral a subordinada o segundo termo da relação.

Os subordinadores mais frequentes são que, correlativo de mais ∕menos, maior ∕menor, melhor ∕pior, como (por vezes correlativo de tão ∕tanto), tal∕assim como.

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BIBLIOGRAFIA

i. MATEUS, Mira et al. Gramática da Língua Portuguesa. 6a edição, Lisboa, Caminho, 2003.

ii. CUNHA, Celso & CINTRA, Lindley. Nova Gramática do Português Contemporâneo. Lisboa, Edições João Sá da Costa, 16a edição, 2000.

Valério Maúnde
Enviado por Valério Maúnde em 06/02/2017
Código do texto: T5903992
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