O SENTIDO DE TUDO
O morcego não quer mais doar sangue.
A vaca ficou boa da gripe: não tosse mais.
A galinha tritura a farinha com os dentes afiados.
O Saci, ao invés de cruzar os braços, cruza as pernas em sinal de revolta.
A Jiripoca, vendo a situação, não aguentou: PIOU.
Seu Zé, afoito com a discrepância, engolia sapos.
Sua esposa, Guilhermina, para não lavar as mãos para a situação, sugere: uma mão lava a outra.
O gato, no quintal, comeu a língua do Boi da Cara Preta.
O macaco, sendo penteado por Fulano, meteu os pés pelas mãos: partiu desta para melhor.
O cachorro da família, com o rabo entre as pernas, pôs logo suas barbas de molho.
A cartomante, disposta, pôs as cartas na mesa,
enquanto Cicrano balbuciava: Mãos à obra.
Beltrano, segurando vela, já sentia dor de cotovelo.
O mesmo gato de seu Zé, que comeu a língua do Boi, devorou a cabeça da Mula, deixando-a sem pé nem cabeça.
Para resolver a situação, só subindo pelas paredes, porque só assim pode-se colocar os pingos nos is.
O minúsculo cavalo, molhando-se na chuva, roga que lhe tirem de lá, pois lhe seria conveniente banhar com um balde de água fria.
O jogador, molhado no campo pela mesma chuva que molhou o cavalo, pendura as chuteiras, para secar; mas tira rápido, porque ele joga com as botas que Judas perdeu em seu cafundó, próximo de onde o vento faz a curva.
Para finalizar, mais fácil que resolver este descaso, é procurar uma agulha no palheiro - ou uma palha no agulheiro.