Agradeço à administração do Recanto das Letras por atender a minha solicitação de acrescentar às seções de textos, uma para a ciência da linguagem (Linguística). Com isso, haverá uma unidade democrática nesse ambiente interativo.
Por haver seções destinadas à Literatura, à Gramática e à Ortografia, entendemos ser justo existir uma também para a Linguística. Embora a Gramática seja ramo da Linguística, esta é própria de cada língua. Por outro lado, a Linguística é única para todas as línguas existentes, ou seja, cada língua possui uma gramática ou segundo alguns pensadores: várias; mas nem toda língua possui uma Linguística.
A seção destinada à Linguística será muito útil. Pois trará discussões mais flexíveis e reflexivas sobre a língua, tendo em vista a limitação (opinião pessoal) que a gramática nos impõe. A gramática se limita muito aos certo e errado, enquanto, a linguística; ocupa-se em descrever a língua e não normatizá-la.
Sou defensor ferrenho de que não se faça guerra entre ambas (gramática e linguística). Mas de que cada uma possui sim, particularidades. A língua é viva, disse Mikail Bakhtin e seu círculo de estudiosos, porque é um diálogo contínuo entre os sujeitos sociais. Portanto, até a gramática é forçada a “viver” para adaptar-se aos detentores do ato de fala: os usuários da língua. E isso é que é conflitante. Pois "não se ensina" nas escolas este pensamento: não se devem ensinar os aspectos normativos da língua como se eles nunca fossem mudar novamente. Levando-nos a raciocinar que normatizar é limitar algo ilimitado, a língua.
Logicamente, faz-se necessário estudar a gramática normativa, mesmo que para fins existenciais e políticos ou exclusivamente em decorrência deles. Não se passa em concurso público, se não estiver preso ao certo e ao errado. Não se é um cidadão “culto”, “elitizado”, se não se submeter única e exclusivamente ao "certo".
Encerro aqui o meu texto com estes brilhantes enunciados:
“A Linguística é a parte do conhecimento mais fortemente debatida no mundo acadêmico. Ela está encharcada com o sangue de poetas, teólogos, filósofos, filólogos, psicólogos, biólogos e neurologistas além de, não importa o quão pouco, qualquer sangue possível de ser extraído de gramáticos.” (Russ Rymer).
“Aquele que fala o português mais correto é o que é poliglota na sua própria língua” (José Luiz Fiorin).
Professor Daniel Silva
16 de outubro de 2014, Boa Vista, Roraima, às 3h30min.