Tic-_tecs_*

*Tic- _tecs_*

I

Nunca mais ouvi relógios.

Digitalizo meu tempo

E um painel de cores fortes

Enche a vida de contingências.

Capto uma imagem ligeira,

mato-a no instante do flash.

E sem culpar as estrelas,

a alma é lavada no viés.

E ao cordão do novo sem nó

sem rastro nem lastro

me somo, em fila de sós,

de ligados sem contato.

Mas rebelei cliques, telas.

E desafiei o virtual

a baixar secreta ideia:

recriar meu tempo-lugar.

II

Compartilho sem seguir,

navego por sumidouros

que menos dizem de mim,

mais me alinham a outros.

Novas luzes e _ritmias_

espalham de uma caixeta

sinfonias de pisca-pisca.

Mas reencarnei a ampulheta.

Agora a mão aviva a voz,

ponho-me todo a pulsar.

Vibro no coração das prosas

rugindo à cidade e ao mar.

Reúno magia e matéria,

dedilho a fala, entoo o corpo

na rede a embalar tic- _tecs_

do algo _-ritmo_ de um povo.