INTRIGANTE TEMPO
Na verdade o tempo não existe
Somos nós o tempo
Perdidos passando dentro de nós
Imorredouro é o tempo que passa
Imorredouro é o tempo que parece não passar
É um labirinto de traças
Que vai roendo e desgastando a pele de quem passa
Vai-nos envergando ao solo da gravidade
Sem dó nem piedade
Quanto menos tempo temos pra hora passar
Mas ela nos devora e nos transforma em argamassa
O homem busca o tesouro
E se enforca pelo nó da guilhotinada gravata
A borboleta delicada assim como o bruto besouro
Buscam a flor fincada no solo da raiz
E no fim partimos com a marca da cicatriz
Como apóstolos amantes do seu xilindró
Morte é a meretriz do pó
Com as liras entre as mãos
Escutamos a sós a canção da solidão
No fundo a morte é uma pausa
Que a natureza nos dá quando passamos por ela diligentes
Como o vento que dá asas aos pensamentos
Até querer escutar nossa voz novamente...
No sumidouro do meu coração
Há sempre um espaço sobrando
Há sempre um sopro de morte no ar
Meu coração como um beijo está na tua boca