INTRIGANTE TEMPO

Na verdade o tempo não existe

Somos nós o tempo

Perdidos passando dentro de nós

Imorredouro é o tempo que passa

Imorredouro é o tempo que parece não passar

É um labirinto de traças

Que vai roendo e desgastando a pele de quem passa

Vai-nos envergando ao solo da gravidade

Sem dó nem piedade

Quanto menos tempo temos pra hora passar

Mas ela nos devora e nos transforma em argamassa

O homem busca o tesouro

E se enforca pelo nó da guilhotinada gravata

A borboleta delicada assim como o bruto besouro

Buscam a flor fincada no solo da raiz

E no fim partimos com a marca da cicatriz

Como apóstolos amantes do seu xilindró

Morte é a meretriz do pó

Com as liras entre as mãos

Escutamos a sós a canção da solidão

No fundo a morte é uma pausa

Que a natureza nos dá quando passamos por ela diligentes

Como o vento que dá asas aos pensamentos

Até querer escutar nossa voz novamente...

No sumidouro do meu coração

Há sempre um espaço sobrando

Há sempre um sopro de morte no ar

Meu coração como um beijo está na tua boca

Jasper Carvalho
Enviado por Jasper Carvalho em 20/05/2012
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