BEBERICANDO

Traz a bela cunhãtã para reinar, no açaizal,

A fantasia de Santana é o açaí, no carnaval.

Tá na cuia, tá no prato e, tá na boca da massa,

É minha escola na avenida – canta meu povo – na praça.

A lenda me conta, que um dia destes nasceu do encantado,

Uma linda e esbelta palmeira para ao índio alimentar,

Esta sangra um vinho tão grosso, feito o mais doce manjar,

É o petróleo da Amazônia, e o mundo todo quer provar,

Iguarias diversas eu vi surgirem desta tão gostosa fruta,

Que hoje, a todos, exporta o Amapá.

É um sonho, com camarão, açúcar ou farinha é um prazer,

Com peixe ou carne-seca, rico ou pobre quer comer,

Mas, desejar um palmito, que azar me vem trazer,

São milhões de açaizeiras, que a floresta vai perder,

Replantar, quando, quem diria hoje a quem fazer?

É destino de tucano, de sabiá, é só tupã me escolher.

Sobe e desce, desce e sobe curumins e caboquinhos,

Dá-me um cacho bem pretinho, mode a fome se matar.

PÁGINAS DO MEIO DO MUNDO