Poesia de Concreto

Poesia de Concreto

De cada calçada de concreto da cidade

cada viga que se ergue

cada vida que se segue

cada cidadão persegue a sua cóta lutando pra se manter

marcando a mesma rota lutando pra nunca se perder

pra não perder não ver a cara da derrota estampada na lorota

que faz ponto a cada esquina encostada em algum poste

pronta pra te desviar da sorte

talvez um corte brusco na sua sina

existem uns que seguem na rotina e não enxergam ao redor

reclama e não se posta pra tornar melhor

acha melhor sobreviver só mantendo distância

de cada sonho que crescia na infância

e cada esperança de criança se mistura ao ar impuro inspirado e espirado,

por cada cidadão comum que deixa escorrer a liberdade

na sargeta da calçada de concreto da cidade

Dedicada, a cada, poeta da cidade, dedicada, a cada, atleta da

cidade, dedicada a cada ser humano da cidade que cultiva a

liberdade no concreto da cidade

Entre as paredes de concreto da cidade, se esconde o mundo

de quem faz qualquer negócio só pra não ser taxado de vagabundo

sonhos de adultos se decipam por segundo a cada insulto dopatrão

é o culto do faz de conta que eu sou feliz assim

salário no fim do mês é o que conta paga as contas e faz bem pra mim

não é o caso em que eu me encaixo

sonho alto de mais pra viver por baixo igual capacho

e acho que existem outros por aí

que olham pras paredes só pensando em demolir

pra ser livre, mas na real nem sabe como

perdeu toda noção acustumado a viver com dono

não condeno, mas não concordo e não me adapto

fora das paredes mais inspiração eu capto

me sinto apto pra cantar a liberdade

que se esconde entre as paredes de concreto da cidade

Algum teto de concreto da cidade, abriga o restante

da liberdade semelhante a que escorreu pela sargeta da calçada

se escondeu entre as paredes ou partiu pra outra

morreu de fome, frio, sede

pois sem abrigo não há, pra onde voltar

pra poder descansar e pensar

na estratégia pra continuar lutando pra manter a liberdade que se tem

as adversidades não se sabe

de onde elas vem que cara elas tem

pelas mãos de quem vem com ordem de quem alguém me diz

porque eu não posso ser feliz completamente

sem que alguém ou algo tente, tumultuar minha mente

mas eu sigo em frente sempre,

vou nadando mesmo que seja contra a corrente

pra que eu possa construir meu verso meu abrigo, meu teto

pra fazer minha versão da poesia de concreto

Composição: Kamau

Ligia Albarracin
Enviado por Ligia Albarracin em 30/04/2008
Código do texto: T969417
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