Porto Naufragado

Deixem passar,

Os versos de um poeta triste

Que não desiste em protestar a hipocrisia.

Que desafia a falar

De um porto inerte

Que não investe

Na visita de navios.

Deixem passar,

Os versos de um poeta

Um portuário morreu compadecido,

Acharam-no deitado no caminho

Flutuava-lhe um riso esperançoso

Doce era o semblante do pobrezinho

E o morto parecia adormecido.

Amante de utopias e virtudes

E, num templo sem Deus, ainda crente.

Se minha saudade viaja pelo mar

Como vai se no porto não há navio

Assim morrem meus sonhos de tanto frio

Sem vida, sem esperança e sem amar.

Se os homens da política assim soubessem

O que é ter um filho a chorar

Por comida que depende lá do mar

Não seriam tão hipócritas em terra firme

Por isso não há portuário que afirme

Nestes homens tão “decentes” confiar.

Wellington Costa
Enviado por Wellington Costa em 14/04/2008
Código do texto: T944698
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