O CRAVO E A FERRADURA ( OUÇA TAMBÉM O AÚDIO NA SEÇÃO VOZ)

NO CRAVO E NA FERRADURA

Jorge Linhaça

Sou o que sou, sem jamais ter sido,

penso o que penso, num eterno pensar

escrevo o que escrevo, vale o escrito

navego mares, sem jamais navegar.

Perco e me perco, sem ficar perdido

Falo e não falo, mas não sei calar

Morro e não morro, sem ter morrido

Ressurjo das cinzas...só pra te amar.

Dou uma no cravo

outra na ferradura

Mas não jogo água

na tua fervura...

Lembro e relembro o já acontecido

Apago as pegadas na beira do mar

Me perco no tempo, tempo perdido

Se sonho meu sonho, apenas sonhar.

Esqueço o isqueiro, já esquecido,

Acendo um cigarro na luz do luar,

Ouço e não ouço, confusos ouvidos,

Poemas escritos, pro tempo apagar.

Dou uma no cravo

outra na ferradura

Mas não jogo água

na tua fervura.