RASTROS NO ÉDEN

Razão na mente, no coração a batida,

Rastros no Éden, a vida é uma lida.

Entre o altar e o bordel, vamos amando,

No desejo, paz vamos encontrando.

Oh, oh-oh, rasga a carne o suor é mel,

Entre o altar e o bordel, um carnaval cruel.

A alma é um rio, que corre sem pudor,

Beija o sol, mas chora quando vem a dor.

Grilhões da cruz, gozo nas vielas,

Humanidade dança tango, presos em celas.

Sonhos de arcanjo, mas rastejamos no lodo,

Um beijo? Pode ser Fogo, ou só um engodo?

Oh, oh-oh, rasga a carne o suor é mel,

O altar e o bordel, o céu da carne explode em fel!

Oh, oh-oh, a alma é um rio correndo ao léu,

Beija o sol, mas chora no breu da eternidade cruel!

Coração enjaulado, versos de Salomão,

Entre vinho sagrado, sangue no chão.

A carne é um caco, corta, reflete, mostra,

O amor? Um fósforo na tempestade, aposta.

Ganância do ego, um deus que queima,

No peito a mantra: Só o abraço é a cena.

Infinito é um gole de cachaça na garganta,

Quanto mais se bebe, mais a sede é tanta.

Oh, oh-oh, rasga a carne o suor é mel,

O altar e o bordel, o céu da carne explode em fel!

Oh, oh-oh, a alma é um rio correndo ao léu,

Beija o sol, mas chora no breu da eternidade cruel!

O mundo é caçador, utopias se vão,

Nosso êxtase é um raio, breve clarão.

Dança no caos, irmão, entre o pó e o altar,

O paraíso não é lugar, é um jeito de amar.

Na fome da alma, só resta o verbo, o grito,

Pois até o bicho enjaulado sabe: amor é o rito.

Oh, oh-oh, rasga a carne o suor é mel,

O altar e o bordel, o céu da carne explode em fel!

Oh, oh-oh, a alma é um rio correndo ao léu,

Beija o sol, mas chora no breu da eternidade cruel!

Vamos juntos, nessa luta, sem medo de errar,

O amor é o único motivo para continuar!