O Homem Que Voltou
Ele partiu antes do sol nascer,
beijou sua amada sem saber o porquê.
Prometeu voltar assim que pudesse,
mas no fundo temia não acontecer.
O mundo queimava em fogo e em pranto,
gritos de medo, tiros no ar.
Ele se perguntava entre escombros e prantos:
"Por que o homem insiste em se matar?"
Se a guerra é um jogo, quem ganha no fim?
Se tudo é poeira, por que estou aqui?
O amor que deixei ainda espera por mim,
mas será que eu volto do jeito que eu vim?
No bolso guardava uma foto amassada,
o rastro de um tempo que já se perdeu.
Nos olhos cansados, o peso da estrada,
nas mãos trêmulas, o sangue de Deus.
Ele via irmãos caindo ao lado,
via meninos chorando sozinhos.
"Se essa é a paz que dizem buscar,
então por que tantos caminhos vazios?"
Se a guerra é um jogo, quem ganha no fim?
Se tudo é poeira, por que estou aqui?
O amor que deixei ainda espera por mim,
mas será que eu volto do jeito que eu vim?
E um dia a guerra calou sua voz,
o vento soprou um novo amanhã.
Ele voltou, mas algo ficou,
uma parte sua ficou lá.
Ela correu para seus braços abertos,
ele sorriu, mas sem se sentir inteiro.
Porque o homem que foi nunca mais existiu,
mas o amor… o amor sobreviveu.