ALMA ANDARILHA

Caminho com minhas próprias pernas,

Piso em espinhos, tropeço em pedras.

Canso, descanso e volto a caminhar,

Os pés no chão fazem a alma flutuar.

A poeira é meu pão, e me basta,

Meu próximo passo sou eu quem farei

No instante seguinte que Deus abasta

Na certeza do que ainda não sei.

A primeira vez não lembro,

E isso já não mais importa,

Já que toda a vez é vez primeira,

Na incoerente condição de minh’alma torta.

Apresso-me, pois já não há mais tempo a perder,

A ânsia da vida invade-me em carência

De espinho, poeira, pedra e chão,

Nos meus pés descalços em emulação.