Cicatrizes

No escuro, o som da porta,

Ele entra sem bater.

Em seu olhar, a dor se entorta

Que ela tenta esconder.

Mãos que vinham com abraços,

Hoje apertam sem razão.

Na memória, os estilhaços,

De promessas feitas em vão.

No espelho, sangra a verdade,

Não dá pra esconder

As marcas clamam: piedade!

Tudo o que ela não quer ver

Cada cicatriz é um grito

Ecoando o que foi sufocado

No reflexo, um aviso

Que ficou desfigurado

O grito preso no tempo

A marca que ninguém vê

Uma lágrima desce lento

Por tudo que ela não pôde ser

Cada passo, um segredo

Cada gesto, um lamento

Dentro dela mora o medo

No silêncio, o sofrimento

No espelho, sangra a verdade

Não dá pra esconder

As marcas clamam: piedade!

Tudo o que ela não quer ver

Cada cicatriz, um grito

Ecoando o que foi sufocado

No reflexo, um aviso

Que ficou desfigurado

(Mas o vidro não se quebra)

(Só reflete o horror)

(Não se vê no que enxerga)

(Foi moldada pela dor)

Seus sonhos se encolhem no canto

E a noite parece não ter fim

Mas há uma força em seu pranto

Isso agora acaba aqui!