Nos restos de nós
O que sobra no peito, quando a noite cai,
É o eco da tua voz rouca, a lembrar-me de outrora
No resto da gente, o calor não se desfez,
É saudade grudada no peito, é dor que não acaba mais!
Tua mão desfez o meu jeito, teu olhar ficou no espelho
E ainda tropeço no canto onde costurastes meus enganos.
Mas a cama ta fria, e o quarto escuro,
Os risos nos cantos ficaram mudos.
O que era promessa virou desatino
Que a gente carrega num peito franzino.
Se o vento toca a janela, é teu cheiro que vem,
Um rastro de ontem, no hoje, que já se desfez.
E nas coisas que fomos, nos becos que andamos
Eu vejo que fomos, mas nunca chegamos.
Faz-se o mundo um silêncio gritado
Faz-se o nó na garganta e o que era abrigo
Virou apenas lembranças.
Mas a cama ta fria, e o quarto escuro,
Os risos nos cantos ficaram mudos.
E, o que era promessa, virou desatino,
Que a gente carrega num peito franzino.