Inimego meu
De conclusões absolutas
No folheio do prefácio
Nego recursos, cego às defesas
Nego as feridas e trajetórias
Julgo pessoas, num jugo implacável
Condeno ao pior por ser o pior
Desse pior que habita em mim
Depois esqueço onipotente
E rolo a tela sem remorsos
Um ser carente de empatia
Ou carente de relevância
Só um menino inseguro
Querendo espaço e audiência
É a presunção que nos fascina
E é a sina de ser tão humano
Ser distinto, ser especial
Ser iluminado e essencial
Misericórdia
à mísera, miséria nossa
Misericórdia
à mísera, miséria nossa