RAPSÓDIA DE NATAL
Quantas e quantas noites, acordado,/ teci as barbas brancas de Noel!/ Olhar atento, posto para o céu,/ à espera do trenó anunciado!// De cada estrela vinha algum recado,/ que atravessava o vidro da janela,/ pra derreter, à luz da luz da vela,/ o sonho que dormia acordado.// Quantas e quantas luas de dezembro/ eu quis ouvir o riso estilizado/ e o tilintar dos sinos badalados;/ sinceramente, quantas, não me lembro!// Hoje, à noitinha, eu vou dormir mais cedo!/ Não vou sequer abrir minha janela!/ Se por acaso alguém soprar a vela,/ que vela a minha alma em segredo:// Acordem minha alma de brinquedo,/ que a poesia vem ao lado dela./ Quando a vela apagar, não tenham medo,/ que a lua há de nascer inda mais bela.// Então eu vou abrir minha janela/ e mundo inteiro vai dormir mais cedo./