Naquela Mesa

Sentado na penumbra da sala, ao som suave de "Naquela Mesa" de Nelson Gonçalves e Raphael Rabello, deixo-me envolver pela melodia que resgata lembranças de um tempo que não volta mais. Sou o protagonista desta crônica, um explorador das emoções profundas que esta canção evoca.

Naquela mesa, ele sentava sempre, meu avô, figura paterna que não só dividia suas histórias, mas também ensinava lições preciosas sobre a vida. Era ali, entre risos e conversas ao redor do bandolim, que o tempo parecia parar. Ele contava suas aventuras de juventude, suas jornadas pelo mundo e suas experiências que moldaram seu caráter e sua sabedoria.

Lembro-me das tardes longas em que a mesa se enchia de amigos e familiares, todos reunidos para ouvir suas narrativas cativantes. Seus olhos brilhavam com a paixão de quem encontrou o verdadeiro sentido da existência, e eu, seu neto admirador, absorvia cada palavra como um tesouro a ser guardado na memória.

Agora, olhando para a mesa vazia na sala, sinto a dor aguda da saudade. Não sabia que doía tanto perder aqueles momentos simples de convívio, onde uma casa e um jardim eram o cenário perfeito para histórias que transcendiam o tempo. A vida, com sua impermanência, revela-se cruel ao nos tirar aqueles que tanto amamos, deixando apenas a lembrança e a ausência dolorosa.

A música ecoa como um lamento suave, um desabafo íntimo daqueles que aprenderam tarde demais o valor de cada instante compartilhado. Se eu soubesse o quanto dói a vida, essa dor tão doída não doeria assim, tão profundamente. As lembranças se misturam ao som do bandolim que já não ressoa, e a mesa, símbolo de união e afeto, permanece como um altar de memórias que alimentam minha alma.

Naquela mesa, falta ele, falta sua voz sábia e seu sorriso acolhedor. A saudade dele dói em mim como uma ferida que nunca cicatriza completamente. A música, com sua simplicidade e profundidade, captura a essência da perda e da nostalgia, tocando o coração de quem já sentiu a falta de alguém que tornava cada momento especial.

Assim, nesta crônica da vida real, eu, o personagem deste relato, aprendo a valorizar cada instante ao lado daqueles que amo, pois nunca sabemos quando a mesa estará vazia e a saudade será nossa única companhia. A música de Nelson Gonçalves e Raul Sampaio continua a ecoar, lembrando-me de que, apesar da dor da partida, o amor e as lembranças são eternos enquanto duram.

Estêvão Zizzi
Enviado por Estêvão Zizzi em 23/06/2024
Código do texto: T8092232
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