Brega
Primeira parte
Se era pra acabar
Não começava, não
Qual foi sua intenção
De me fazer sorrir,
me dar essa ilusão?
Agora que estou
Perdido em suas mãos
Que é que vou fazer
Se eu já não tenho o céu,
Por que levou meu chão?
Qual foi sua intenção
De me fazer sorrir,
Me dar essa ilusão
Se eu já não tenho o céu,
Pra que tirar meu chão?
Agora que estou
Entregue em suas mãos
Que é que vou fazer
Se eu já perdi o céu,
Por que levou meu chão?
Segunda parte
Se era pra findar
Não atiçava, não
Qual foi sua intenção
De me ver florescer
Depois desmatar-me o coração?
Agora que estou
Entregue a esse papel
Que é que vou fazer
Não bastasse afundar meu chão
Ainda ter que arranhar meu céu
Qual foi o seu intento
De me fazer sonhar
Desabrochar o sentimento
E, depois de me florear,
Murchar-me por dentro?
Agora que estou
Entregue a esse papel
Que é que vou fazer
Não bastasse quebrar meu chão
Teve ainda que derrubar meu céu
Qual foi o seu intento
De me fazer sonhar
Aflorar o sentimento
E depois de tanto charme,
Brochar-me por dentro?
Pena
Chamavas-me com flamas na língua
Agora me chamas com gelo
Antes a cama pegava fogo
Agora, nem em pesadelo; nem faísca
Antes me amavas com zelo
Hoje nem ligas
Antes tinhas água na boca
Hoje, o clima é árido e ríspido; aliás, nem tem clima...
Amavas demorado, em demasia
Hoje, amas à míngua
Rápido, flácido
Afasia
E até quando não é minguante,
O amor é distante, é mixaria/ninharia, é muito pouco
Chamar, chamas, mas com um incômodo de íngua...