Minha poesia
Uma professora leu minha poesia
Gostou e tirou foto
O polegar aprovou
Quase todo mundo que a lia
Aquela poesia
A fotografou
Eu contei para minha mulher
Que no fundo dos olhos longamente me olhou e gritou:
O que eu quero é dinheiro
Eu quero é dinheiro
Eu quero dinheiro
Todo mundo olha e elogia
A minha poesia
O dia inteiro
Mas quando eu meto a mão no bolso
Lembro da minha mulher:
Eu quero é dinheiro
Eu quero é dinheiro
Eu quero é um qualquer
Um arquiteto disse: é concreta
Um sonhador : é abstrata
Chegou um pintor: ela retrata
Um Zé ninguém diz que maltrata
Minha poesia que é minha cara
Da noite pro dia está tão cara
Cara ou coroa
Coroa ou cara
Eu quero é dinheiro
Eu quero é dinheiro
Pra passear
Eu quero é dinheiro
Eu quero dinheiro
Pra tirar a bunda do sofá