VERDADES SOBRE O PORVIR

E a Fogo pagô que não conseguiu o fogo apagar.

E o Martim pescador não encontrou mais o que pescar.

E a Sabiá que permaneceu sábia – e solidária,

E, sabiamente emudeceu... e silenciou o seu cantar.

E o Vim vim ficou. Nunca mais ele veio e nem viu!

E, envenenada, o Beija-flor, não pode a flor beijar.

Os galos, por não haver mais galos, noites e quintais,

Não puderam tecer as manhãs – e nem fiar.

E o João de barro, com concreto, a casa construiu.

A Ararinha azul, não mais bateu asas, sob o céu de anil.

O Cardeal amarelo avermelhou de tanta vergonha!

E o filhotinho? O ninho queimou e, sobre as brasas, caiu.

E o Pintassilgo, em tempo algum, pintou mais por aqui.

A Lavadeira deixou tudo limpo, mas resolveu sumir.

O Bem-te-vi ficou mal por não ver o sol lindo se pôr.

E o Sofrer, de tanto sofrer, pensou em desistir.

E o Quero-quero, simplesmente, deixou de querer.

A Viuvinha chamou São Joãozinho para desaparecer.

E o Cagacebinho hoje vive... pra todos vocês.

O João corta pau já não corta pau, pois parou de chover.