Cobaia
Cobaia
O desatino das horas perdidas
As lembranças castradas por mim.
O desencanto, a beira da vida.
O desamor que eu plantei no jardim.
Eu retalhei os desejos sonhados
Fiz de cobaia o meu coração.
E nos ensaios dos beijos não dados
Eu desenhei a voraz solidão.
São tantos gestos de amor, adiados
Na longa espera ,nas noites sem sol
Vou respirando os meus velhos pecados
E os meus desertos por sob o lençol.
E, até que a alma se enfeite de encantos
Sigo cantando, não posso parar.
E na cadência dos passos, meu pranto,
Se faz um rio para me salvar.
Marilia Abduani