Canto "Péssimos Enganos de Lutero"

Dos péssimos enganos de Lutero,

Fujam, ó cristãos!

Lutero dispersou as ovelhas

que Cristo reuniu.

Os protestantes são todos

Pecadores,

Os seus falsos livros

os tomistas queimaram.

Martinho,

Mestre da morte,

Engana os vivos!

Dize-nos, Lutero:

Por que devastas assim

As ovelhas do Cristo vivo

E ofendes a glória

Do Ressuscitado?

Aos angélicos testemunhos

De Paulo e dos Evangelistas

Tu distorceste,

Enganando a tantos

Amados de Cristo.

É mais de se crer

na verdade de Maria

Do que nas mentiras

da turba judaica.

Sabemos que Cristo realmente

ressuscitou dos mortos.

Para quem crer

Na tua perversa doutrina,

Para ti e para os teus,

Será a ruína!

Sabemos: o Papa é

o verdadeiro

Vigário de Cristo!

Protegei-o, ó Deus!

Aleluia!

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PESSIMAS LUTHERI FRAUDES

Pessimas Lutheri fraudes

fugiant Christiani.

Luther dispergit oves

quas Christus congregarat.

Lutheriani omnes

peccatores.

Falsos viri libellos

combussere Thomani.

Dux mortis Martinus

fallit vivos.

Dic nobis Luthere

quid devastas tam crebre

ovile Christi viventis

et gloriam tollis resurgentis?

Angelicos testes,

Paulum, evangelistas,

tu false interpretaris,

seducens multos ex Christi charis.

Credendum est magis

soli Mariae veraci

quam Judaeorum

turbae fallaci.

Scimus Christum

surrexisse a mortuis vere.

Credendum est tuam

tam perversam doctrinam

tibi et tuis

esse ruinam.

Scimus papam esse Christi

Vicarium vere.

Tu nobis illum

Deus tuere.

Alleluia.

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UM POUCO DA HISTÓRIA

Esse canto é um pastiche do canto pascal "Victimae Paschali Laudes" e foi escrito pelo monge trapista Thomas Kreb ou por um de seus irmãos de hábito em 1525. Eram então os primeiros tempos da heresia protestante, que grassava em toda a Europa. Thomas Kreb era o prior da trapa de Bresle, na Alemanha, onde o governo procurou pacificar os ânimos de católicos e protestantes concedendo direito aos revoltosos e mesmo formando a primeira "igreja reformada" da localidade.

O resultado imediato disso foi a proibição, aos trapistas, de celebrarem a Santa Missa em público ou elegerem um novo prior quando Kreb morresse - se observadas tais injustiças eles poderiam ser poupados do banimento.

Por aquela época, os vândalos seguidores de Martinho Lutero invadiram as igrejas de Bresle e quebraram todas as imagens, inclusive as da catedral.

O clima de heresia contagiou praticamente a todos, até mesmo aos eclesiásticos incautos - enquanto uns desertaram de cara, outros caíram na tibieza, e tornou-se comum por ali os padres comerem carne publicamente na Quaresma, rechaçarem a veneração das relíquias dos santos, celebrarem a Liturgia em alemão, defenderem a heresia nos sermões e abandonarem o celibato por meio de casamentos.

Mesmo os trapistas tendo ficado extremamente isolados em meio a esse estado terrível de coisas, o prior achou por bem afervorar os religiosos na Reta Doutrina da Salvação por meio desse pastiche apologético. Ele é de caráter não-litúrgico e consta apenas de uma única versão do "Cancionale" dos cistercienses de Bresle, não tendo sido incluído em outras edições posteriores.

Ao que tudo indica, "Péssimas Lutheri Fraudes" nunca ultrapassou os muros da trapa (em seu tempo), e serviu de esperança e vigor na luta para aqueles monges fieis. Que Deus favoreça muitíssimo e sempre os pequeninos defensores de Sua Verdade, que não querem trair o Senhor Deus, enquanto a maioria cai no sono e na indiferença.

Rafael Aparecido
Enviado por Rafael Aparecido em 05/02/2024
Reeditado em 05/02/2024
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