Ilhéus chorou
Ilhéus chorou quando eu peguei
Estrada, coitada!
Feito mãe que vê seu filho faminto
Perdido, longe de casa.
O que era garoa
Virou tempestade
Um choro sentido
Sem a menor vaidade
Como se um pedaço
Fosse arrancado
Um coqueiro a menos
Pé de cacau que vem a baixo.
Ilhéus amanheceu descontente
Mar agitado e seus ventos violentamente
Já não havia folia
Por vezes faltava energia
Com as bênçãos do padroeiro
Malas prontas ao Rio de Janeiro.
Molhou seu asfalto
Do pranto pelo chão
Gotas na minha camisa
Flecha no coração.
Mergulhei entre as ondas antes de partir
Um grauxá saiu da toca e veio se despedir
Sereias possíveis com saudades
Acompanharão a mim em outros mares
Trens de pouso, asas de avião
Trarão a mim no próximo verão
Eu escuto do mar, salgada
A gota d’água no meu ouvido alojada
Eis eu aqui na ponte Rio Niterói
Saudade que mata, maltrate e dói.