Retirada
Enquanto a voz
não se calar,
enquanto o grito
em mim gritar
eu gritarei.
Gritarei por meu povo Senhor,
esse povo que é tão maltratado
e o meu grito não é de revolta,
é um grito de amor embargado.
Pois do pó não se tira comida
e o sol só não produz alimento,
não há tanques, represas nem nada,
o que há pra nós é sofrimento.
O rio se vai,
o verde foge,
a terra seca,
o gado morre
e o povo chora.
É tão triste Senhor
é tão triste,
ver crianças perdendo a vida
por não ter nada pra se comer
e as riquezas tão mal divididas.
É por isso Senhor,
que eu me vou,
Pois aqui nada posso fazer,
de que adianta em solidariedade,
minha vida humilde perder.
Mas enquanto a voz
não se calar,
enquanto o grito
em mim gritar
eu gritarei.