CARRETA DE BOI

Afiei bem o machado

E fui pro mato campia

Madeira boa e de lei

Bem no ponto pra corta

Esperei chega a minguante

A lua pra não caruncha

Na chincha do meu cavalo

Deu trabalho pra arrasta

Do mato carreguei pras casas

Gastei tempo a descascar

Cangas de soita-cavalo

Comecei a falquejar

Madeira leve e macia

Muito buena pra entalha

Preparei a moda antiga

Pra o pescoço não judia

Os canzil fiz de amarilho

O cabeçalho de araçá

Cheda cambão de guajuvira

Os eixos eu fiz de uvá

Cambotas e raios de angico

Os fueiros de pitangueira

A massa das roda de ipê

Cravelha assoalho de aroeira

No povoado comprei chapa

Fiz fogo caldeei pras rodas

Abaixo de fogo e fumaça

A capricho foram ferradas

Os raios ficaram tinindo

Da mesma forma as cambotas

Preparadas a gosto e capricho

Da forma que gaúcho gosta

Do couro de um brasino

Lonqueei torci fis primeiro

Um par de corda de coice

Meia duzia de tamoeiro

E Tentos de loncas sovada

Para ajoujar as parelhas

Dos boi mansos e tambeiros

Nas quarteadas carreteiras

Carreta pronta pro serviço

Pé descalço na estrada

Camisa de brim antigo

A bombachita remendada

Encosta encosta boi pitanga

Chama a ponta na guiada

Cutucando o boi do coice

Pra estender a quarteada

Uma coplita assobiando

Pra espanta mau pensamento

Vai a quarteada panteando

Bombiando pro firmamento

Batendo casco na estrada

baba o boi ao sabor do vento

Enfrentando o ritual da lida

Mesmo ao rigor do tempo

ZECA DIVINO
Enviado por ZECA DIVINO em 10/12/2023
Reeditado em 11/04/2024
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