CORAÇÃO CABORTEIRO
Sou igual bagual caborteiro
Arisco e corcoviador
Coração que não se enreda
Nas rodilhas do amor
Como um potro sem dono
Solto num corredor
Sem o peso do boçal
E a marca do maneador
Criado entre curais e galpão
Curtido a picumã e fumaça
E o borralho do fogão
Me enrijeceu a carcaça
Livre como o pensamento
Não tenho marca e sinal
Vivendo livre pelas estancias
E no lombo de algum bagual
O ronco da minha cordiona
Quando vai ecoando pelo ar
E até a lua se veste de prata
E as estrela vem me espiar
Nem o minuano me dobra
Quando eu tranco o garrão
Sou como palanque fincado
No topo de um coxilhão
Sou um índio temente a Deus
E aos sagrados mandamento
Sou do tempo do fio de bigode
E tudo que eu digo sustento
Se alguém me pisar no pala
Minha paciência não aguenta
Eu já perco as estribeiras
E pucho das ferramentas