CORAÇÃO CABORTEIRO

Sou igual bagual caborteiro

Arisco e corcoviador

Coração que não se enreda

Nas rodilhas do amor

Como um potro sem dono

Solto num corredor

Sem o peso do boçal

E a marca do maneador

Criado entre curais e galpão

Curtido a picumã e fumaça

E o borralho do fogão

Me enrijeceu a carcaça

Livre como o pensamento

Não tenho marca e sinal

Vivendo livre pelas estancias

E no lombo de algum bagual

O ronco da minha cordiona

Quando vai ecoando pelo ar

E até a lua se veste de prata

E as estrela vem me espiar

Nem o minuano me dobra

Quando eu tranco o garrão

Sou como palanque fincado

No topo de um coxilhão

Sou um índio temente a Deus

E aos sagrados mandamento

Sou do tempo do fio de bigode

E tudo que eu digo sustento

Se alguém me pisar no pala

Minha paciência não aguenta

Eu já perco as estribeiras

E pucho das ferramentas

ZECA DIVINO
Enviado por ZECA DIVINO em 11/11/2023
Reeditado em 29/03/2024
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