Saudades da vida na roça
Saudades da vida na roça, que a gente vivia...
A fumaça da chaminé , que de longe se via...
O canto do carro de boi, que sempre se ouvia...
A poeira saudosa de chuva, que o vento varria.
Docê manhã, luzes entravam pelas frestas das telhas...
Manha bocejando, leite espumando, broa de milho com café de garapa, acendiam as abelhas.
"Sabaúna"nos levava pra casa da vó... Naquela serra sempre pintava um bitelo de um frio...
Lá a água chegava num bambú, lascado sem nó...
Minha vó dizia, que aquela água nascia, lá num cafundó.
Janelas e portas mapeadas pelos cupins...
De lá se avistava na vargem , o arroz pendoando...
Nos dava certeza de fartura na mesa, por mais um ano.
No meio do ano fazia uma parada para moer a cana... Meu pai tirava o ponto para rapadura, caçoava que a vida era docê mas tambèm era dura.
No paiol debulhava o milho para o dia a dia...
Separava os sabugos macios para serventia ...
Meu pai caçoava que a vida era dura e a gente ria.
A tarde se ouvia o canto triste da seriema...
Com fio de luz vagalume a noite roubava a cena.
A noite meu tio tocava sua viola...
A gente ouvia por horas e horas e horas...
Dormia ouvindo o som da viola e uma orquestra de grilos...
Era tudo aquilo, que embalava um sono tranquilo.
Sabaúna; cavalo de meu avô animal muito doce