VENDIDO EM LEILÃO

 

 

 

 

Quero me ver...

Em dois mil e vinte e seis,
Para saber como vão ser

As coisas por lá...
 

 


E dizer sim ou não

Ao processo político

Que insiste em nos subjugar.

 

 

Essa noite sonhei

Que na praça dos três poderes

Havia um leilão...

 


O Mito era o mais raro ser

Na praça há ser leiloado...
Gargalhadas soavam

No Planalto de lado a lado. 

 


Um palhaço sem graça

Vendido em leilão.

 

 

Ele olhava tudo calado
Tendo a fé em sua mão,
Ele ouvia os lances gritados
Que calavam seu coração.

 

 

Quem dá mais por um Capitão

Que ousou acreditar nos seus?

 


Quem dá mais por um Capitão

Que insiste na palavra Deus?

 


Quem dá mais por um louco

Capitão que suportou a dor da facada?

 


Quem dá mais por um velho

Que crê na família e no amor?

 

 

Afinal, Ele foi vendido

Na praça dos três poderes!

 


Mas seu medo acabou

Quando alguém lhe tocando falou:
 

 

"Este povo um dia já foi

Por meu pai perdoado,
Também fui vendido

E no madeiro pregado,

Ressuscitei e nada mudou.'

 

 

Quem dá mais

Por um Capitão que ousou

Acreditar nos seus?

 


Quem dá mais

Por um capitão

Que insiste na palavra Deus?

 


Quem dá mais por um louco

Que discorda do horror?

 


Quem dá mais

Por um velho ultrapassado

Que na Constituição acreditou?

 

 

Ele foi vendido afinal

Mas seu medo acabou

Quando alguém lhe tocou e falou:

 


"Este povo um dia foi

Por meu pai perdoado!
E eu também fui vendido,

No madeiro pregado,

Ressuscitei e nada mudou."