ABANDONEI AS ESPORAS

Abandonei minha esporas

Deixei o oficio da doma

Do campo carrego o aroma

O cheiro do pasto pisado

Do suor que salgava a carona

E o ringido das basteiras

No vai e vem da encilha

E da potrada caborteira

Distante na minha querencia

Onde ergui minha morada

Não enxergo o açude grande

Nem escuto relincho da eguada

Meu consolo e minha guitarra

E as rimas xucras que faço

Dos pagos onde me criei

A quem dedico meus versos

Ei de ter um tempo vago

Minha querencia eu visitar

Pra rever a amada terra

Poder os amigos abraçar

fazer o que antigamente fazia

Que hoje em dia não faço

De fazer um toro brabo

Se dobrar num golpe de laço

Repontar uma tropilha

Amansar os bois pra canga

Ouvir o ringido das carretas

E o cantar das arapongas

O revoar da passarada

Comer araçá e pitanga

Sentir cheiro do mato virgem

E tomar banho de sanga

ZECA DIVINO
Enviado por ZECA DIVINO em 10/06/2023
Reeditado em 30/03/2024
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