NO MEU SHOW NÃO VAI TER FESTA
Saudades de você sabe linda, desse seu sorriso debochado, deste teu temperamento destemperado, seu jeitinho de ser, até seu olhar pouco vesgo, era o maior charme que já pude admirar
De você nega, da gente se estapeando por um pedacinho de pão, saudades destes teus óculos fundo de garrafa, deste nosso negócio que mais parece amor, deixa eu te bajular
Deste teu café descafeinado, deste teu penteado despenteado, desta tua conexão desconectada, desta sua concentração desconcentrada, desta tua posição de me encantar
Deste concreto abstrato, deste ganhado perdido, deste alisado ou lambido, toda nossa história e conto resumido, tantos trejeitos sem jeito que só faz pulsar em meu peito como carrinho de rolimã, a se o tempo pudesse voltar
No meu show não vai ter festa, isto que me resta é só mais uma doce e querida loucura
E nesse nosso amor que cura, vamos que a vida às vezes é mole e dura
Das suas memórias esquecidas, das suas algazarras recatadas ou atrevidas, saudades da sua feiura bonita, da sua alegria triste, da sua códorninha que só gostava de alpiste
Das suas teorias tão prática e relativas da nossa vida, vida nossa vida que nunca me deixa triste, no universo só vejo inverso, pois pra mim só você existe
Deste mundo de enganos somo dois profanos, ou sagrados, eis o engano, na verdade, o que somos não sabemos que somos, hoje só sabemos que nosso amor resiste
Deste nosso passado reluzente, alma fria e coração quente, quem será do oriente, que jogue a nossa bola pra frente, ou desiste, ou desiste
No meu show não vai ter festa, isto que me resta é só mais uma doce e querida loucura
E nesse nosso amor que cura, vamos que a vida às vezes é mole e dura