Noites Cinzas

Ep: Laboratório dos Esquisitos

Noites Cinzas

E o coração bate...

Vários se julgam o maioral

É mal

Nenhum observa que por trás pow

Ou acerta

Não sou profeta

Mas próximo está o fim

O morro inteiro já encomenda, tem

Velório a venda

Sente só a brisa num vendaval que arrebenta

Mas não esquenta, não é eu que bolo o esquema

O toque, truta

Comigo, você não tem problema

Talvez um dia, de repente este

Mesmo dilema, ganhar dinheiro, zé povinho logo dá a sentença

De Ford focus, no morro está em foco, mas logo vira notícia

Nas venenosas línguas para se esquivar

É preciso ter malícia nas esquinas, há maldosos que maquínas maldades

Louco pra ver, no mármore escrito ali jaz

E o caixão vai descer, estou sendo sincero

As vezes no fundo dos olhos dos humanos vejo o que espero

Julgaria, falsidade, dez mano, três mano apenas fala a verdade na esquina

Cuidado com a rasteira da pilantragem

Caras de pau, que não usam maquiagem

No chão, sangue irmão

Não é miragem

No corpo os buracos não são tatuagem

Regressiva contagem, vida agressiva

Judia bala muito nos faróis vendem bala

Morro contra morro trocam balas

Nas ruas os estudantes não se calam

(não, não)

Protestos torvos,

Aos poderosos cornos que não entendem a reclamação

Lagrima escorre dos olhos ingênuos

A reação foi gás lacrimogêneo

Pra isso saber, não precisa ser gênio

Nem presidente de nenhuma porra de grêmio

Mas pra rimar é preciso ter talento

Ser muito louco e ter vivido alguns tormentos

Ter vários manos meus na carceragem

Sem paridade, a vida é um teatro e cada qual com seu personagem

Como a vida imita a arte, pretos pobres brancos pobres

Sempre estarão na mira dos covardes.

Lucas, 07 anos, principal personagem

Em São Paulo é vendedor de chocolate

Primeiro de maio 2002, na Istoé ganhar destaque

Pra quem leu, como eu, o pouco aprendeu

Tudo é ouro, mel, papel

Maior valor

Chuva, sol, com certeza o que vem do céu

Entre o juiz e o promotor, fico com o réu

Polícia, advogado, sou mais o ladrão armado

Oh Doutor, não é uma questão de ser revoltado

Eu só não nasci Abravanel, Meneghel, nem Liberato

Enquanto isso, o sol cai

O luxo mata a essência

E a decadência vem na sua consequência

E de repente todo olhar se escurece

Sua visão se perde

O mundo deixa de existir

Os opacos estão por ai

Caminhando, trilhando sem direção

Tentando mais uma vez adquirir uma nova visão

O mundo é louco né Jão

Salve salve São Gonçalo, la do fundão, casinha Pantex

Salve salve Pinda, Ipanema

Salve salve Agua quente, Parque Aeroporto, Vila Aparecida, Vila Iapi

Salve salve

Quebradas e quebradas

E o vento sopra do lado oeste do gueto

E o vento sopra

Mais uma mãe chora

Mais um menino morre

Tá tudo igual.

guido campos
Enviado por guido campos em 12/04/2023
Código do texto: T7761477
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