Ele é só mais um

Aquilo que fui

Aquilo que eu sou

É só mais uma face

de um filme de terror

Aquele menino mini bandidinho

Neto de ladrão, filho de assassino.

Ele é só mais um, nesse labirinto

De ruas marcadas, latas amassadas

Cara mastigada, altas madrugadas

O cheiro não é bom, ele não come

Só olha pro alto, ele sente raiva.

Ninguém acolher, ninguém foi dizer nada

Ele é só mais um, no meio das paradas

Dele setem medo, todo preconceito, ele

Diz eu sou preto cade o meu respeito?

Lá na beira mar, de frente pro mar

ele só espera um cordão passar,

Menino como vento, leva seu sustento

De ouro maciço, leve sem sofrimento

E o que puder comprar, serve de alento

Ele é mais um nesse sofrimento.

Na escola tem merenda, mas ele não esquenta é considerado e ninguém tenta.

Lá só palavra, escrita, rabiscada, nada que tem lá serve pra estrada

Eu tinha medo não era segredo, cada dia vitória e tropeços.

A vida que ensinou, o asfalto professor

E o talento é caminhar contra o vento.

O que eu fui

E o que eu sou.

Paulo Alcides
Enviado por Paulo Alcides em 14/12/2022
Código do texto: T7671577
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