Ele é só mais um
Aquilo que fui
Aquilo que eu sou
É só mais uma face
de um filme de terror
Aquele menino mini bandidinho
Neto de ladrão, filho de assassino.
Ele é só mais um, nesse labirinto
De ruas marcadas, latas amassadas
Cara mastigada, altas madrugadas
O cheiro não é bom, ele não come
Só olha pro alto, ele sente raiva.
Ninguém acolher, ninguém foi dizer nada
Ele é só mais um, no meio das paradas
Dele setem medo, todo preconceito, ele
Diz eu sou preto cade o meu respeito?
Lá na beira mar, de frente pro mar
ele só espera um cordão passar,
Menino como vento, leva seu sustento
De ouro maciço, leve sem sofrimento
E o que puder comprar, serve de alento
Ele é mais um nesse sofrimento.
Na escola tem merenda, mas ele não esquenta é considerado e ninguém tenta.
Lá só palavra, escrita, rabiscada, nada que tem lá serve pra estrada
Eu tinha medo não era segredo, cada dia vitória e tropeços.
A vida que ensinou, o asfalto professor
E o talento é caminhar contra o vento.
O que eu fui
E o que eu sou.